Saudade...
Sandra M. Julio
Saudade é uma doce brisa que chega descalça, transpõe com mansuetude as barreiras do tempo e beija os lábios d'alma colorindo lembranças...
Instantes perdidos renascem, invadem nossa solidão, entreabre janelas, colorindo momentos com pincéis de ternura. Pedacinhos vividos juntam-se mutilando o presente, e por instantes navegamos em direção à felicidade onde sorrisos habitam nossos castelos.
Surge um tresloucado desejo de voltar ao passado e degustar com lentidão estes momentos para sempre gravados nas entrelinhas de nossas vidas. Um nostálgico sabor folheia passado, desdobra pedacinhos de nossas vidas, trazendo pessoas, fatos, lugares onde ao nosso lado felicidade brincou deixando marcas em noss' alma.
Essa viagem nos permite tocar nossa eternidade, e por vezes, o abstrato nos abraça e sentimos falta de alguém ainda não encontrado, lugares por onde não passamos, abraços extraviados ou do sabor d’um beijo que nunca chegou a existir... Lembranças de outras vidas, quem sabe.
Saudade, eternos registros, displicentes retratos guardados no akasha, brisa de outono invadindo esperas, contemplando primaveras, inspirando versos pela melancolia de vagos pensamentos que a cantiga do vento entoa, quando a alma toca a tessitura da emoção.
Banco vazio a espera de perdidas folhas, sonhos comungados em preces, ensejo passado sombreando um tardo presente.
Sandra
04/02/2011