Último tango em Paris

Último tango em Paris

Hoje, 04 de fevereiro de 2011, leio o jornal e vejo a triste foto da atriz Maria Schneider, acompanhada da também dolorosa notícia de sua morte. Morreu comigo um pouco da minha alegria de viver naquela mulher horrível, de olhos abertos com um cabelo espinhoso emoldurando um rosto nada belo. A foto fala, ou grita, por si só! O que aconteceu com aquela vivaltina moça do filme? Fui à busca de mais informações no obituário: nascida em Paris, no ano de 1952, morreu de causas não informadas pela família. Sabe-se que após o sucesso do filme se envolveu com drogas e tentou suicídio...

Esse é o fato, mas e a foto? Que triste figura, que maus tratos a fizeram descer do Olímpio da beleza para esse chão de feiúra? Como a vida pode ser tão danosa á uma pessoa? Ela era uma mistura de mulher, uma composição de mocidade, beleza e simplicidade. Uma beleza que beirava o normal e trazia a descoberta da mulher, sim aflorava algo incompreensível daquela que filmou na sombra do charmoso Marlon brando. Filme impecável no recado e na cena da manteiga, na submissão feminina e na sua vingança, do amor acima de tudo explicável, música linda e roteiro perfeito. Que filme! Vejam.

A pequena Schneider desfilava seus cabelos revoltos sobre uma beleza anormal de um rosto vivo e lábios perfeitos, solta na cidade mais fêmea do mundo: Paris! Bochechuda e linda, uma mulher normal que podia estar ao lado do Marlon, do teu lado ou no elevador faxinando paredes, vendendo macarroni ou sorvete na Mouffetard. Não, ela estava ao lado do grande ator, maior, que tinha um rosto talhado em curvas retas e certas, homem de beleza infinda, másculo, simbólico, muita areia para o caminhão da novata atriz. Ela não deixou a desejar e virou símbolo sexual de uma época que cavávamos a liberdade, que iria transformar o mundo em ondas de rock e juventude. Era o recado, a moça representava a liberdade juvenil e a alegria de amar sem amarras, lindo filme, linda mulher e a foto me destruindo... Que horror! Porque a vida luta capoeira? Dá rasteira nos nossos ídolos, derruba mitos, desanima. Como vou viver sabendo que aquela que foi adorada morreu feia e triste? Como? Veio à idéia, a solução: vou curtir o Rolling Stones, escolhi: “Sympathy for the devil”... Alívio... Ouço aquela música imortal e fixo meus olhos no Keith Richards, alívio amigos, que alívio... Vejo a morte na janela me olhando e dou um dedo prá ela! Velha safada, aqui não tem jogo não, sou Keith, sou Richards, sou eterno, vá caçar outro, vá derrubar as mulheres da minha vida, mas corra da linda Catherine Deneuve, ela também gosta dos Stones, entendeu?

Roberto Solano

Roberto Solano
Enviado por Roberto Solano em 04/02/2011
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