EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO – CAOS, DIFICULDADES E PRECONCEITO

É duro constatar que o Estado mais rico da união possua um sistema de ensino que ainda deixa a desejar para a população. Existem nas periferias de São Paulo capital, escolas da rede estadual que são verdadeiros hospícios para professores, alunos e pais. Em face à violência que se instalou no Brasil nas últimas décadas, tem levado professores ao estresse máximo no exercício da profissão, pela falta de impunidade de uma plêiade de adolescentes que, escudadA pelo ECA, que precisa de uma revisão urgente, tem deixado a comunidade docente de mãos atadas. Idem pela violência geral urbana, idem pelas condições de trabalho e de salário.

Não estou aqui para falar da insuficiência já estabelecida no ensino Paulista, mas sim, sobre uma outra questão que às vezes deixa –nos estarrecidos com certas coisas criadas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo nos Governos do PSDB, por exemplo: O novo sistemas de concursos promovidos pela Secretaria da Educação que consiste em : Prova objetiva, curso de formação, prova de avaliação do curso de formação e exames médicos. Para a prova objetiva há uma escalada bibliografica gigantesca na área da legislação geral e educacional e na área de teses para o ensino escritas por uma infinidades de escritores especializados na educação e na psicologia educacional sendo que, a maioria das matérias relativas a cada disciplina é muito pouco avaliada na prova objetiva. Para que vocês tenham idéia da quantidade de livros , só para a disciplina de inglês, a bibliografia oficial para o concurso, correspondia a um lado total de uma pequena biblioteca e, quando a atendente do CR Mário Covas(Centro de Referência Mário Covas) mostrou – me a quantidade de livros que eu precisaria ler para fazer a prova objetiva, quase tive um treco. Ler toda aquela quantidade de livros em pouco tempo e, para apenas responder oitenta questões,meu Deus, é impossível em poucos meses! E no mais, alguns dos escritores afirmam, que nada do que se escreveu, dificilmente será aplicado no exercício do magistério, já que o sistema, na prática não funciona assim,por questões eminentemente políticas. Então, qual a razão de inserir na cabeça dos postulantes, assuntos que na verdade deveriam ser aprendidos no exercício da profissão, e, ao invés disto, avaliar o conhecimento do professor postulante ao cargo no magistério público na sua matéria específica! É crível que, conhecer um pouco sobre a metodologia aplicada no ensino atual do Estado de São Paulo e do Brasil é ótimo, mas a quantidade de questões aplicadas na prova objetiva, acho eu que é um sistema programado para eliminar a maior quantidade possível de postulantes ao cargo, e isto tem sido a tônica que se estabeleceu na indústria dos concursos públicos, onde, a necessidade de garantias de emprego e de empregos, tem levado um número cada vez mais gigantescos de postulantes, criando assim um viés industrial na área das empresas de cursinhos, das gráficas e editoras que formulam as apostilas e as empresas ministradoras das provas. As inscrições são extremamente caras e eu sei disto porque já participei de vários concursos, inclusive fui aprovado no último realizado pela Secretaria da Educação do São, Paulo e fui aprovado entre os quase cinqüenta e um mil aprovados, em um universo de mais de duzentos e sessenta e oito mil inscritos.

Eu já havia sido aprovado em um concurso anterior, mas uma quantidade enorme de aprovados deixou de ser convocada em quatro anos da validade do concurso, e, assim que prescreveu o prazo desta validade, o Estado informou via imprensa que havia uma defasagem de noventa mil vagas na rede estadual de educação. Então qual é a razão de não ter sido convocado o restante dos aprovados? E qual é a razão de convocar uma quantidade imensa de temporários, inclusive aqueles que não foram aprovados nos testes?

O que mais deixou-me estarrecido, foi assistir ontem em entrevista na Rede TV,dia 03/02/2011 uma colega que foi aprovada neste mesmo concurso que eu fiz,e que foi convocada para o período de formação, passou na prova final e foi reprovada no exame médico por ser obesa. Hoje surgiram novas notícias de que outros colegas foram reprovados no exame médico por serem míopes. Meu Deus! E eu que uso óculos e sou hiper-tenso, e que tomo remédio para controle da pressão, se for chamado, pelo jeito jamais terei chances! (para ensinar inglês no Estado estou qualificado, afinal de contas passei no concurso e tenho certificado internacional emitido pela:City & Guilds Pitman Qualifications, oficialmente reconhecida pela "Qualifications and Curriculum Authority",entidade britânica que regula o sistema educacional da Inglaterra(similar ao nosso Mec)E este certificado é aceito em mais de 70 entIdades de Educação no Reino Unido, mas se eu convocado para o curso de formação,e, se for aprovado na prova final mas por usar óculos e ser hipe-tenso,com certeza serei reprovado partindo critério pré- estabelecida a priori pela Secretaria da Educação presumidamente aplicada como norma ao Departamento Médico ocupacional do Estado. Que a Secretaria venha a pública e desminta tal orientação!

Faço uma pergunta: Os secretários de Governos e o próprio governador que forem obesos, míopes, hiper – tensos, jamais estariam apitos a exercerem os seus cargos,sim ou não? Será que um professor tem que ser desqualificado por ser gordo, míope, hiper – tenso, manco etc.etc.etc? Ou pela falta de habilitação e capacidade de lecionar a matéria específica!

Vale ressaltar que a lista de exames exigidos pela Secretaria da Educação, conforme edital do concurso,a maioria seria custeada pelo candidato convocado, correndo assim o risco de, na não aprovação, arcar com os prejuízos. Tal fato foi revisto em razão de uma grita geral, e, pelo menos o custo,que seria alto, saiu do bolso do postulante.

Senhores, secretário da educação do Estado de São Paulo, Governador e população paulista, não podemos aceitar que, em plena renovação política e social do Brasil, fatos tacanhos como o que tomamos conhecimento recentemente,continuem a fazer parte da nossa literatura nos envergonhando. É preciso que sejam extirpados dos nossos anais educacionais e que jamais devemos aceitar isto de braços cruzados. Sejamaos solidários para com os professores que sofreram preconceitos e também evitar que outros venham a sofrer, como eu e mais quarenta mil colegas aprovados no último concurso e que, com a certeza, estarão sujeitos a passarem pela mesma humilhação. A professora considerada obesa se preparou a mais de nove anos para conseguir ser aprovada entre os dez mil primeiros colocados e convocados, ou seja, praticamente estudou todos esses anos para ser reprovada por discriminação! Lamentável!

Vamos acordar São Paulo! Vamos acabar com o caos na nossa educação! Vamos acabar com o preconceito!O país precisa de cultura

não só de bolsa família! Educação também é alimento!

Quero deixar aqui os meus agradecimentos ao Centro de Referência Mário Covas, cujo tratamento que me foi dado foi de nota mil. Pessoas muito educadas e, mesmo eu não sendo da rede pública, tive todo o carinho possível quando lá estive para estudar alguns assuntos pelo computador e na biblioteca. Indico aos demais professores para que freqüentem o CR Mário Covas que não se arrependerão! Lá é um ótimo ambiente para qualquer porfessor. São Paulo está de parabéns por uma entidade como o Centro de Referência Mario Covas!

Hoje sou desempregado e passei ro concurso para provimento de cargo ao magistério do Estado de São Paulo, mas, diante de fatos constatados atualmente, se for convocado, poderei ter sérios problemas nos exames médicos por ser míope e hiper- tenso. Espero que tal situação seja revista e modificada, e acho que o Governador Geraldo Alkmim, que é uma pessoa de bom senso e moderna nos assuntos da população, com certeza modificará este quadro elegíaco da Nossa Educação de São Paulo e também tenho a convicção que ele fará muito pelo ensino de São Paulo: Esta é a minha única esperança, caso contrário, só Pedindo a Deus!

É o que há.