Bico doce
Fernando Henrique Cardoso apareceu na TV no horário político gratuito do PSDB. Novão, falante, sem barriga, bonitão mesmo; pela lataria geral, poderia, se quisesse, concorrer a presidência.
Mas eu vejo maldade em tudo, meu Deus, e até fico furioso comigo mesmo. Eu nunca consegui me anexar ao Estado, nunca consegui crer num homem que vive toda a vida mamando no erário público, exercendo, seja que cargo for, concursado ou eletivo.
Não se pode sentir dignidade quando se obedece, em nome do ‘preciso tabaiador’, a uma engrenagem maléfica, corrupta, que cai aos pedaços. Nem todo trabalho é digno, nem toda leitura é benéfica e o remédio só cura se em dose certa. Subserviência não é dignidade ou hombridade.
Dignidade é outra coisa, é um ‘troço’, um rumo novo, que a sociedade brasileira precisa começar a defini-lo para então desejá-lo como norte. ‘Tipassim’: demolir a casa velha cheia de traças, ratos, bafios, goteiras e aproveitar apenas o terreno.
Tomara Deus que, por isto, eu não seja comido pelos urubus literal e ou figuradamente. No fundo (bem lá no fundo rsrs), eu quero mesmo é a felicidade geral da nação, a existência menos fútil e um pouco mais de altivez ante o mundo, ou, em outras palavras, um ranking menor na corrupção.
Mas que eu me atenha ao FHC bonitão. Inflamados de dignidade, os tucanos disseram que ‘a renda do brasileiro seria 70% maior, não fosse a corrupção. Pergunto: como podem sentir tanto ‘engrolamento e pavoneamento’, se tudo o que fizeram/fazem na vida foi/é emprestar ao Sistema suas intelectualidades e vigores físicos?
O Sistema não existira se não fosse conduzido por homens de carne e osso, que, ou não tem consciência do mal que fazem a si e aos outros, ou, simplesmente, lhes falta um troço chamado popularmente de vergonha na cara!
Se preferir, fique-se na filosofice: o dito pelo não dito. Eu, da minha parte, como Brás Cubas, me encerro em mim. Mas, com plena consciência da minha escolha até aqui.
Mas como eu disse lá atrás, se o não disse, digo: escolhe-se o jeito de viver; questão de escolha ou de menos covardia.
Mas eu sou bonzinho. Duvidas?!... Provo-te com minha oração sincera e transbordante de fé: “papai do céu, salve todas as piscadelas dos esfíncteres nacionais, amém”.
(obs.: por falta de saco, segue texto sem revisão)