O Retrato
Em moldura me vi, sai do retrato para poder perceber...
Aponderou-se de inicio o medo, e depois a calma.
Estranho olhar o retrato , e perceber que não há nada além de você nele, por alguns instantes encarei-me e me vi com os olhos suplicando por ânimo, e ansia de vida.
Por pele, por perfume, por suor no sexo, por vento no cabelo, por vida.
De repente percebi que o tempo tão valioso para mim, perdeu-se no meu proprio tempo, acelerei a vida, e perdi detalhes, peças do quebra-cabeça , e um mundo de sensações a completar...
Tolice desacreditar tão cedo de uma vida tão intensa, desejei por tempos o sabor intenso da fruta no gosto do beijo, e o ângulo perfeito para mentalmente decorar o sorriso, desejei dividir as nuvens com os anjos, e descansar as pernas que nunca pararam de correr nem sequer por um misero instante.
Fui movida por desespero em tudo na vida, sem me dar conta de que era eu quem deveria ditar o ritmo, os passos, e as batidas do coração.
Era ansiedade, e agora o que sou?
E o mais delicioso na vida, é justamente não saber onde se está, para onde se vai, e o porque de se ir.
É uma questão de somente ir, se pensa com amor, as respostas ( ou talvez mais perguntas ) venham do coração.
Se pensar com a razão, as resposta são mecanizadas, roboticas demais pra quem tem o prazer de respirar.
Talvez quando o sufoco aperte a garganta, ainda de inicio apondera-se o medo, mas depois vem a calma, e dou um passo de cada vez.
Como flutuar mais alto é sempre necessário demais, procuro-me entre os lençóis da cama , mas também procuro-me entre o coração.
Começo a acreditar, que ainda existe capacidade para encontrar a minha face estampada e com um pouco mais de cor, do que a que vi quando encarei qualquer retrato antigo. Não me vejo mais em tom de sépia.