BBB e Congresso Nacional: semelhanças e diferenças
Como há gosto para tudo, é difícil dizer qual dos dois chama mais a atenção do público. O fato é que ambos são palco de trapalhadas que, se bizarras, arrancam gargalhadas; se injustas, provocam indignação; e se algo parece bom, o olhar é de desconfiança.
Para entrar na casa os candidatos não medem esforços. Lá dentro, chegam fazendo festa, mas pouco depois começam os conchavos. Moral e ética, geralmente, são apenas palavras bonitas. O que fizeram no passado, no passado ficou. Muitas ações não refletem o próprio discurso. Estão sempre olhando para o próprio umbigo e, se vão para o paredão, fazem-se de vítimas.
Creio que as semelhanças param por aí.
Os “heróis” do BBB adoram as câmeras. Quanto mais exposição, melhor. Já os “vilões” parlamentares muitas vezes preferem distância dos holofotes, para que possam ficar mais à vontade. A turma da TV tem premiação individual, já a outra até que não se importa em dividir a bolada.
Quem participou de edições anteriores do BBB raramente volta; no planalto central há macacos velhos que, de modo descarado, não deixam a Casa, nem o lugar do cacique.
A galera do Bial sonha em se tornar milionária; vários parlamentares já o são. Nos planos do vencedor, está o desejo de ajudar os seus. Entre a nata do Congresso, há quem declare que seu patrimônio ultrapassa os 240 milhões, sabendo que o estado que o elegeu tem o pior índice de desenvolvimento humano e uma das menores rendas per capita do país.
O que um big brother faz pode comprometer apenas a sua imagem. O que um parlamentar faz (ou deixa de fazer) pode prejudicar a todos nós. Por isso mesmo, talvez seja bem mais interessante nos desligarmos da casa amplamente mostrada na TV e ficarmos ligados no que vai acontecer na Casa cujos patrocinadores somos nós. Até porque há mais uma semelhança entre seus habitantes: vários deles, em quase todo o tempo, não fazem nada produtivo.