GÊMEAS

Outro dia fui visitar minha irmã, em uma pequena cidade, onde ela mora com seu marido e filhos. Ela casou-se com um rapaz de família tradicional da região, muito conhecido por todos. Ela, também, logo se fez conhecer. Chegou à cidade para trabalhar em um laboratório, era farmacêutica Bioquímica, muito competente e atenciosa com seus clientes. Anos depois, tornou-se secretária de saúde do município.

Até aqui tudo bem, tudo normal. O problema surge logo que chego à cidade. Somos gêmeas idênticas e eu não conheço nem um por cento das pessoas que ela conhece e ou convive.

Saio para uma pequena caminhada, sozinha. Ninguém duvida de que eu seja ela. Na primeira quadra sou abordada por uma senhora jovem, de sorriso fácil que me cumprimenta, me pergunta como estou. Sorrio e digo que estou bem, obrigada. A amiga segue seu caminho, ciente de que se encontrou com minha irmã. Continuo e um após outro, sorriem, acenam. Algumas vezes é tudo simples, respondo cordialmente a todos. Explicar para meio mundo de gente que eu não sou quem eles pensam que sou levaria muito tempo. Porém, a coisa complica quando meu marido e eu protagonizamos alguma cena de carinho, beijos e abraços em público. O marido dela vira corno na hora. A coisa fica preta mesmo. No dia seguinte, ele tem, obrigatoriamente, que desfilar com as duas pelas ruas da cidade, para desfazer qualquer mal entendido. Possivelmente, um ou outro mais malicioso prefira acreditar na versão mais picante. Afinal, muita gente adora o mal feito.

Nesse dia, fomos comer uma pizza, eu e meu marido. A pizzaria fica na rua da casa dela. Pedimos uma cerveja, e entre um gole e outro, meu marido pousou a mão na minha perna, estávamos frente a frente, sorrindo um para o outro. O garçom se aproxima todo simpático, me cumprimenta como se me conhecesse a anos. “Oi, tudo bem?” Instintivamente respondo: Tudo bem!

Ele sai, retorna minutos depois e pergunta: _ E aí, a pizza de sempre? Observei ao redor e faiscavam olhares curiosos. Não deixei para depois, abri logo o verbo:

- Olha meu amigo, eu não sou a pessoa que você está pensando, sou a irmã dela. Não vê? Estou aqui com outro homem, meu marido, é claro! Ele ri com vontade... – mas, pensei que fosse ela! Responde e vai atender a outra mesa, ainda achando graça de sua confusão.

Minutos depois chega até a nossa mesa uma senhora, aparentava ter uns trinta e seis anos, com uma criança no colo, e pergunta: - É você? É que meu marido jura que é ela, mas eu acho que você é a irmã dela... e olha para o lado constrangida. Acompanho seu movimento de cabeça e vejo o marido dela rindo na outra mesa...

_ Tudo bem, todo mundo confunde mesmo, eu sou a irmã gêmea dela. - Respondo amigavelmente.

Olho ao redor e todos estão olhando, curiosos, maliciosos, até que chega um casal muito simpático e me tira do sufoco. Era minha irmã e meu cunhado, que foram comer a pizza conosco! Uffa!

DoraSilva
Enviado por DoraSilva em 03/02/2011
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T2769170
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