Lord Dellvechio, Cap III
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A História do personagem Lucca é de minha autoria, porém títulos como nomes de Clãs, disciplinas, costumes é um cenário de RPG Gótico pertencente a Whithe Wolf, criadora de Vampiro a Máscara.
Brasil, 1709-1720
“Segredos na calada da noite”
Embarcamos no anoitecer do dia seguinte em um navio de luxo, eu estava anestesiado, fora de mim, não conseguia entender o que estava acontecendo, derepende à razão tinha viajado na direção contrária a minha no mar, meu avô insistia em dormir de dia a viagem toda, me dizia que a visão da noite era melhor quando de se aproveitar inteira, mas eu não estava nem um pouco preocupado com isso, eu estava saindo de casa, estava assumindo um negócio de família na frente do meu irmão mais velho e todos estavam de acordo com isso, foram dois meses, dois meses de viagem até o desembarque no Brasil, a troca do dia pela noite tinham me deixado mais pálido e levemente doente, meu avô me ensinava sobre administração e me contava histórias épicas sobre feiticeiros, com o mesmo entusiasmo, era como se as duas coisas tivessem a mesma valia, no fim das contas eu me acostumei com a idéia, nós Italianos somos assim, por mais que nos mostramos relutantes adoramos estar no comando... As terras eram em um condado em São Paulo, um estado promissor, ficava afastado o suficiente do vilarejo para não sermos incomodados, e perto o suficiente para mantermos o comercio vivo, e assim foi pelos primeiros anos nada de anormal, voltei a ver o Sol, o que me foi um alívio, mas por outro lado via meu avô muito pouco, ele nunca estava durante o dia e quando chegava ao por do Sol eu estava cansado demais, eu me lembro de acordar a noite e ouvir vozes no saguão do casarão, às vezes não conseguia compreender o que diziam, talvez por estar tomado pelo sono, ou porque estavam falando uma língua que eu não conhecia ainda... Aquilo não me incomodava muito até que comecei a sofrer de um mal comum em pessoas com responsabilidades demais e tempo de menos, Insônia, dormir era meu martírio, ouvir meu avô conversar com seus amigos que nunca me eram apresentados começou a me incomodar, então uma noite eu coloquei minhas roupas e desci para o salão, lá estavam eles, eu nunca havia notado o quão pálido meu avô era até ver aqueles Homens, dois senhores bem vestidos, tinha a mesma intensidade no olhar do meu avô, mas faltava algo, era como se não fossem acostumados a sorrir, era estranho na melhor das hipóteses, como disse antes eram pálidos, muito pálidos, a primeira impressão era de que estavam gravemente doentes, mas seu porte e presença me diziam o contrário, não vou negar que tinha uma frase de efeito preparada para causar uma boa impressão, mas a visão daqueles homens me fez esquece-las, então fiquei lá, parado como uma criança tola, ouvir meu avô me apresentar para elas, Victor Muller e Peter Hofman, lembrei-me dos nomes algumas noites depois, me sentei e não fiz nada além de ouvir, era pouco mais que sussurros, me dei por mim quando ouvi meu nome:
-Então esse é o jovem e promissor Lucca, eu ansiava em conhecê-lo Dellvechio, porque não nos apresentou antes?
Quem havia falado era Victor, seus cabelos negros iam até os ombros, seus olhos também negros me perfuravam, não aparentava ter mais de trinta anos.
-Muller, não me leve a mal, não o apresentei porque ainda não era hora, na verdade ele nem devia estar aqui, não é Lucca? Você devia estar dormindo...
Meu avô disse isso olhando nos meus olhos, e a insônia que me atormentava nas ultimas semanas passou a ser uma vaga lembrança, o sono me tomou, eu concordei gaguejando e me levantei, não era eu mesmo naquela hora.
-O jovem fica já é hora dele saber onde será seu lugar, sente-se Lucca Baptista Dellvechio!
Eu era um fantoche, sem saber por que fazia exatamente o que me mandavam, não podia suportar aquilo, sentia meu avô me empurrando, mas a voz de Victor gritava mais forte, minha garganta se fechou, minha cabeça começou a doer, então o sono se foi e me vi sentado de novo, sem palavras, sem forças, sem... Controle.
-Sabe que não pode ganhar de mim nesse jogo Dellvechio...
-É porque nunca joguei a sério.
Victor sorriu o canto dos lábios, Peter continuava calado observando tudo, tinha os cabelos cortados curtos, olhos cinzentos repletos de curiosidade, entre trinta e quarenta anos no máximo, não demonstrava esta entendendo o que estava se passando mais do que eu, tudo que posso me lembrar agora.
-O que ele sabe sobre o clã? Até onde vão seus conhecimentos?- Victor perguntava diretamente ao meu avô.
-Nada.
-Nada?
-Isso mesmo, nada.
-Esta querendo me dizer, que esta refugiado a menos de dez kilometros de um Caern, com Garous a sua procura, em serviço do clã e o garoto não sabe de nada?
-Exato.
-Espero que tenha uma explicação lógica para isso.
-Sim, existe, eu não quis dizer nada, não havia necessidade, não era hora, não tiv...
-E QUANDO SERIA A HORA DELLVECHIO?!?! QUANDO SEU SANGUE ESTIVESSE COBRINDO O ASSOALHO DO SEU SALÃO? EU VOU EMBORA AGORA, MAS VOLTO EM DOIS DIAS E SE ESSE GAROTO NÃO ESTIVER NO MÍNIMO SOB UM LAÇO ELE MORRE ENTENDEU?
Não sabia o que me assustava mais, clãs, Garous, Sangue, eu ameaçado de morte dentro da minha própria casa ou o simples fato de um estranho ter gritado com o meu avô e ele não ter nem piscado, o fato é que Victor foi embora entes que eu pudesse realmente notar que ele o tinha feito, e Peter havia ido com ele, estava-mos eu e meu avô cara a cara, ele tranqüilo e inabalável como sempre, como se tudo tivesse ocorrido como o esperado, e eu tão confuso que não conseguia articular uma frase lógica, porém uma frase que fugisse a esses padrões não estaria fora no contexto depois das loucuras que eu ouvi, mas a noite não tinha acabado ainda, estava longe disso, meu avô calmo como nunca disse:
-Sei que esta confuso, mas eu vou te explicar tudo, não tive a chance que vai ter, na época estávamos em guerra e o clã precisava de soldados, mas com você vai ser diferente, tenho tempo para te ensinar tudo o que for necessário sobre a Gloriosa Casa Tremere.
Foi então que percebi que não devia ter saído da cama.