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Crônica da (nossa) meia-idade
Sentei-me no banco da praça, entediado, em frente à antiga banca de revistas. Calor extenuante, tarde de verão. O vento tímido ameaçava tremular os pequenos galhos que desciam em fronte a mim. Será que choveria?
O mormaço gradualmente entorpeceu meus sentidos. De repente me vi longe, ali mesmo, no mesmo banco, mas tudo em volta era diferente: a tarde já não era tão quente. O céu parecia menos azul. As crianças que andavam de bicicleta pareciam outras, os modelos mais defasados, a banca de revistas havia mudado de cor. De um azul carregado para um tom meio pastel e mais envelhecido.
Um sentimento diferente se apossou de mim: o tédio deu lugar à expectativa, como quem espera algo novo. Meu olhar focalizou a banca de revistas, à procura das Graphic Novels de super-heróis. Qual seria a daquele mês? Será que aquela cidade do interior de Minas seria abastecida pela editora? Como faria para continuar minha coleção? Definitivamente não me mudaria se meus hobbies não pudessem ser satisfeitos naquela nova morada.
Olhei novamente em volta. Tudo tão diverso. As pessoas pareciam mais pacatas, menos carrancudas. O tempo parecia correr mais devagar. Meu primeiro dia de trabalho se iniciaria com o próximo amanhecer...
Alguém chamou e me despertou daquele transe. A banca era novamente azul carregado. O calor havia voltado. Minhas novas preocupações eram outras, bem mais importantes do que as Graphic Novels, hoje já extintas. Mais pessoas dependiam de mim. Meus cabelos já não eram tão negros, há muito salpicados pelas angústias terrenas. Vinte anos e mais um mês após me sentar pela primeira vez naquele banco da praça, estava prestes a iniciar um novo projeto de vida. Como deve ser, sempre mudando, sempre à procura de algo melhor.
O tempo não correra devagar. Ao contrário, sem que eu percebesse, num piscar de olhos e num flash repentino minha vida era outra.
Senti saudades do rapaz ávido pelas histórias em quadrinhos. Levantei-me e fui em direção à banca...
Crônica da (nossa) meia-idade
Sentei-me no banco da praça, entediado, em frente à antiga banca de revistas. Calor extenuante, tarde de verão. O vento tímido ameaçava tremular os pequenos galhos que desciam em fronte a mim. Será que choveria?
O mormaço gradualmente entorpeceu meus sentidos. De repente me vi longe, ali mesmo, no mesmo banco, mas tudo em volta era diferente: a tarde já não era tão quente. O céu parecia menos azul. As crianças que andavam de bicicleta pareciam outras, os modelos mais defasados, a banca de revistas havia mudado de cor. De um azul carregado para um tom meio pastel e mais envelhecido.
Um sentimento diferente se apossou de mim: o tédio deu lugar à expectativa, como quem espera algo novo. Meu olhar focalizou a banca de revistas, à procura das Graphic Novels de super-heróis. Qual seria a daquele mês? Será que aquela cidade do interior de Minas seria abastecida pela editora? Como faria para continuar minha coleção? Definitivamente não me mudaria se meus hobbies não pudessem ser satisfeitos naquela nova morada.
Olhei novamente em volta. Tudo tão diverso. As pessoas pareciam mais pacatas, menos carrancudas. O tempo parecia correr mais devagar. Meu primeiro dia de trabalho se iniciaria com o próximo amanhecer...
Alguém chamou e me despertou daquele transe. A banca era novamente azul carregado. O calor havia voltado. Minhas novas preocupações eram outras, bem mais importantes do que as Graphic Novels, hoje já extintas. Mais pessoas dependiam de mim. Meus cabelos já não eram tão negros, há muito salpicados pelas angústias terrenas. Vinte anos e mais um mês após me sentar pela primeira vez naquele banco da praça, estava prestes a iniciar um novo projeto de vida. Como deve ser, sempre mudando, sempre à procura de algo melhor.
O tempo não correra devagar. Ao contrário, sem que eu percebesse, num piscar de olhos e num flash repentino minha vida era outra.
Senti saudades do rapaz ávido pelas histórias em quadrinhos. Levantei-me e fui em direção à banca...