A ESSÊNCIA DO AMOR É A LIBERDADE.
O verdadeiro amor deixa livre. Não aprisiona o ser amado.
Ontem, em meu plantão na internação do hospital que trata do câncer infantil, assisti mais uma vez uma mãe, despedir-se de sua filhinha de apenas dois anos.
Depois, de muitas lágrimas e soluços, que saiam do fundo do peito, onde seu coração tentava achar uma caverna para se esconder, de tão rude e doloroso golpe. Após liberar a emoção, ela falou: "siga em paz, pois, o seu caminho junto a mim, nessa vida, tinha que terminar, mas o amor que nos une, só se fortaleceu com tudo que vivemos juntas."
Fiquei pensando que, quem ama de fato, deixa ir !
Se assim, agissemos com todos que dizemos amar, realmente estáriamos exercendo esse sentimento na essência.
Pois, a maioria das vezes, a elaboração delicada e doida do luto, pela perda de alguém, quer seja pela morte, ou por outra forma de separação, é sofrido, por existir no sentimento que nutrimos pela pessoa, uma mescla de egoísmo, posse e querer bem.
Tenho uma conhecida que separou-se de seu marido a mais de três anos. No entanto o luto para essa separação, está tornando-se crônico, pois, ela teima em mascarar, os sentimentos que nutre por ele, como a mágoa, raiva e tristeza.
E assim não o deixa ir de sua vida, guardando-o por inteiro em sua memória.
Seria preciso, que ela o deixasse ir de fato, não só fisicamente, mas principalmente emocionalmente.
Liberá-lo, para libertar-se dos sentimentos mesquinhos que hoje nutre em relação a ele. E que confunde com amor.
Me lembro que, quando minha mãe morreu, eu era uma menina de apenas onze anos, e a única coisa que me fez, parar de chorar sozinha, escondido de minha avó, para não deixá-la ainda mais triste, foi, terem me dito, que minha mãe sofreria onde estivesse, com minhas lágrimas.
Isso fez com que eu as sufocasse, pensando em não fazer sofrer minha mãe.
Um erro grande, já que o luto precisa ser vivido integralmente, mas, quem assim, me orientou, fez com a melhor das intenções.
Cito isso, pra ressaltar, que o amor verdadeiro "LIBERTA".
O medo de prejudicar minha mãe de alguma forma, fazia-me engolir o pranto.
Difícil, deixar ir quem amamos, muito difícil.
Creio que das tarefas mais dolorosas que temos que aprender na vida.
Meu filho mora em outro país, a quase sete anos, e ainda o coração chora de saudade. Mas, por ser imenso o amor que lhe dedico, vou aprendendo a viver essa distância, pois sei, que ele está muito bem lá, construindo sua vida pessoal e profissional, e feliz, pois gosta muito de onde está.
Então, cada dia chego a conclusão que o amor real, não aprisiona, mas deixa ir.
O amor e o egoísmo, trafegam em rotas diferentes, e não se confundem.
Enquanto um está na direção da posse e do domínio.
O outro, se alimenta da liberdade, do deixar ir o ser amado, se necessário for.