Padre João Andriola
Viram quando caiu, ao lado da Igreja que, como outras edificações, ele construira, no Altiplano, largada para o voo, fora dos labirintos, onde não há Dédalo, nem Ícaro, tampouco asas. Ninguém viu que se levantara e, como de costume, em seus passos rápidos e miúdos, calçados em sandálias franciscanas, continuou a caminhada para a Cidade de Deus. Enquanto seus paroquianos tratavam a doença, ele “saiu à francesa” nas suas pisadas silenciosas, perdendo-se de vista no caminho dos céus. Foi, então, que o povo começou a chorar, e Paulo Andriola, a perceber que a família do irmão não apenas lhe pertencia, sorriu; a irmandade havia se estendido a milhares e milhares de ovelhas que ele lanava com o seu toque carinhoso, na cabeça de cada um, apascentando o rebanho. Desejou o povo que ele nunca saísse do nosso convívio, reclamando que “os bons não deveriam morrer”, vivessem para sempre por aqui mesmo. Porém, morreu Padre João Andriola. E quando nós não compreendemos esses misteriosos desígnios, há sempre quem tente explicá-los também com outro mistério: “Deus sabe o que faz”.
Li que é na sua infinita bondade e sabedoria que Ele concede a muitos a liberdade de se recusarem ao bem. Há outros, como João Andriola, que, ao receberem pedaços desta imensa bondade, se põem a serviço da partilha para redistribuí-la, como se fosse o milagre da multiplicação dos pães a quem tem fome, sendo trigo a palavra e o gesto carinhoso do sorriso, criando, no dia a dia, fraternal comunhão, numa ceia tão larga como a concebida por Teilhard de Chardin, na sua obra “Hino ao Universo”. Falar de João Andriola é expressar a força do seu irradiante exemplo. A vivência de tudo isso também inspirava a palavra de João para dizer o complexo e o formal, ao agrado de todos, de modo informal, simples e puro. Assim falou Andriola, de Cajazeiras a Santa Cruz, de Santa Cruz a João Pessoa, do sertão ao litoral, da ponta mais oriental aos ventos do mar: “Ser bom não é privilégio de ninguém, mas, conquista de quem deseja ser bom”.
Lamentar o desaparecimento dos bons tem sido o inverso do incômodo aparecimento dos “maus”. Os “maus” existem? Penso que são apenas aqueles que se recusam, temporariamente, a fazer o bem, visando somente o que convém ao individual prazer e não a práxis do bem para a felicidade de todos. Por tais motivos, desejou o povo que João Andriola nunca saísse do nosso convívio, reclamando que “os bons não deveriam morrer”, que mereceriam eternidade, por aqui mesmo, entre nós. No entanto, a natureza que nasce será sempre a mesma que morre, num tempo contado e, às vezes, inesperado. Mesmo com lágrimas, compreenda-se: Assim se foi Padre João Andriola. Afinal, convençamo-nos de que a terra não tem sido para os bons o paraíso, tampouco eterno.
Viram quando caiu, ao lado da Igreja que, como outras edificações, ele construira, no Altiplano, largada para o voo, fora dos labirintos, onde não há Dédalo, nem Ícaro, tampouco asas. Ninguém viu que se levantara e, como de costume, em seus passos rápidos e miúdos, calçados em sandálias franciscanas, continuou a caminhada para a Cidade de Deus. Enquanto seus paroquianos tratavam a doença, ele “saiu à francesa” nas suas pisadas silenciosas, perdendo-se de vista no caminho dos céus. Foi, então, que o povo começou a chorar, e Paulo Andriola, a perceber que a família do irmão não apenas lhe pertencia, sorriu; a irmandade havia se estendido a milhares e milhares de ovelhas que ele lanava com o seu toque carinhoso, na cabeça de cada um, apascentando o rebanho. Desejou o povo que ele nunca saísse do nosso convívio, reclamando que “os bons não deveriam morrer”, vivessem para sempre por aqui mesmo. Porém, morreu Padre João Andriola. E quando nós não compreendemos esses misteriosos desígnios, há sempre quem tente explicá-los também com outro mistério: “Deus sabe o que faz”.
Li que é na sua infinita bondade e sabedoria que Ele concede a muitos a liberdade de se recusarem ao bem. Há outros, como João Andriola, que, ao receberem pedaços desta imensa bondade, se põem a serviço da partilha para redistribuí-la, como se fosse o milagre da multiplicação dos pães a quem tem fome, sendo trigo a palavra e o gesto carinhoso do sorriso, criando, no dia a dia, fraternal comunhão, numa ceia tão larga como a concebida por Teilhard de Chardin, na sua obra “Hino ao Universo”. Falar de João Andriola é expressar a força do seu irradiante exemplo. A vivência de tudo isso também inspirava a palavra de João para dizer o complexo e o formal, ao agrado de todos, de modo informal, simples e puro. Assim falou Andriola, de Cajazeiras a Santa Cruz, de Santa Cruz a João Pessoa, do sertão ao litoral, da ponta mais oriental aos ventos do mar: “Ser bom não é privilégio de ninguém, mas, conquista de quem deseja ser bom”.
Lamentar o desaparecimento dos bons tem sido o inverso do incômodo aparecimento dos “maus”. Os “maus” existem? Penso que são apenas aqueles que se recusam, temporariamente, a fazer o bem, visando somente o que convém ao individual prazer e não a práxis do bem para a felicidade de todos. Por tais motivos, desejou o povo que João Andriola nunca saísse do nosso convívio, reclamando que “os bons não deveriam morrer”, que mereceriam eternidade, por aqui mesmo, entre nós. No entanto, a natureza que nasce será sempre a mesma que morre, num tempo contado e, às vezes, inesperado. Mesmo com lágrimas, compreenda-se: Assim se foi Padre João Andriola. Afinal, convençamo-nos de que a terra não tem sido para os bons o paraíso, tampouco eterno.