Até breve.

Sei que já estamos sós faz tempo. Cada um possui uma história paralela e engana os que vivem ao nosso redor. Não posso dizer se ainda te amo, pois faz tempo que não te encontro, quando te vejo são rápidos minutos ao acordar quando ainda trazes a suavidade do sono. E a noite quando chegas, já não és o homem que eu amo ou amei um dia. Tu fizeste uma escolha ao voltar para um mundo ao qual não faço parte. Sabias que nossa convivência sempre foi muito difícil. Mas, quando havia somente nós dois, existiam os sonhos de vida em comum. Agora, não enxergo futuro para nós. Alias, não vejo nenhum amanhã para mim, vivo num inferno constante de solidão e medo. Quero te deixar para viver em paz com meus delírios e fantasias.

Somente, não sei o que me espera longe de ti. Penso nas coisas práticas que não sei fazer: trocar o gás, fazer rancho, dirigir ( não consigo tirar a maldita carteira de motorista). Também há a tinta da impressora, não sei trocar os cartuchos. São tantas coisas que não sei fazer. Sei lá, não sou uma pessoa prática, não sei lidar com a vida real. Vivo em um mundo emaranhado de letras, palavras e fantasias. Sempre vivi tão protegida, primeiro pelo pai e irmãos e depois por ti. Depois me perdi nos teus malditos domínios e nunca mais me achei.

Agora, quero ir, mas não consigo. Amo-te e odeio em variadas situações. Não sei, exatamente, qual a proporção do amor e qual a do ódio. A minha vida é uma eterna divisão apesar de eu detestar a matemática. Quero ir e ficar e há um desassossego enorme dentro de mim. Sinto a vida se dissolver ao redor de mim e tu ficando pelas esquinas, vielas paralelas que um dia eu me desgastei. Não se fico, passo ou fico nas entrelinhas de um livro qualquer.

Isa Piedra

fevereiro/2011

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 01/02/2011
Reeditado em 06/05/2011
Código do texto: T2766233
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