HOMENAGEM AO CANTOR SERTANEJO LEANDRO

Crônica feita pelo diretor jornalista presidente da rádio Terra FM Iberê Monteiro em homenagem ao cantor Leandro.

Dobro a esquina de casa, entro na T-7 e vejo na calcada do lado esquerdo uma jovem bonita, vestida com a camisa colorida da rádio Terra, sinto uma fisgada de orgulho no coração e uma ponta de tristeza que embaça os meus olhos, orgulho por ter em 1988 dada a virada, rompido o contrato de parceria com o jornal do Brasil para reprodução do som da rede cidade, e inaugurado a mais fascinante programação popular da historia do rádio goiano.

E tristeza pela morte do meu parceiro de sucesso o amigo Leandro, afilhado de casamento de minha filha Lara e do meu genro Cláudio. Lembro dos versos do poetinha Vinicius a poetar que tristeza não tem fim, felicidade sim, pois é rico, bonito, famoso, talentoso e carismático.

Leandro se foi na madrugada de hoje depois de muito sofrimento. Antes de sair de casa assisti até as nove horas a programação especial da Globo cobrindo a morte de Leandro com muita competência, nunca vi televisão brasileira ceder tanto espaço a um acontecimento, mais a explicação e fácil, se até a sofisticada cidade imperial de Petrópolis, pois seu coral a cantar umas das músicas da dupla o que se esperar mais.

O universo rural brasileiro por tanto tempo sufocado pelo urbanismo cultural importado, se revelou de uns dez anos pra cá e mostrou sua cara, a verdadeira identidade do seu povo e até de sua elite, todos apaixonados pela música sertaneja. O sucesso da radio Terra verdadeira paixão goiana, se mistura com o nascimento da dupla Leandro e Leonardo.

Na última promoção que fizemos, mais de dois milhões de cartas chegaram até nosso estúdio, numa demonstração clara da fidelidade do amor dos nossos ouvintes a tudo que fazemos, e porque alçamos esse estrondoso sucesso, é porque, também, soubemos detectar antes, de vitoriosa dupla como Leandro e Leonardo alcançando também um estrondoso sucesso nacional. O que nós e a dupla Leandro e Leonardo, Christian e Raulf e Zezé de Camargo e Luciano falamos sinceramente a voz do coração, a voz de nossas raízes, a voz de nossa alma cabloca.

Como espírita, faço uma leitura mais suave da morte de Leandro, sei que ele cumpriu sua missão da terra e lindamente, viajou para um território mais fraterno, mais cristão, mais glorioso, mais eterno, mais embora essa leitura seja suave, não consegui estancar algumas lágrimas que rolaram pelo meu rosto, como rolaram pela face de milhões de brasileiros.

Hoje órfãos da emoção e da voz carinhosa do Leandro o melhor amigo da casa que se projetou com ela, a sua, a minha, a dele, radio Terra FM.

AÚDIO DA CRÔNICA DE AUTORIA DE IBERÊ MONTEIRO DE 1998 ESCRITO NA ÍNTEGRA POR MIM