até cedo

acordei até cedo, tomei café da manhã até cedo, fui ao trabalho até cedo, almocei até cedo, cheguei em casa até cedo, jantei até cedo, fui para cama até cedo, talvez seja por isso que estou acordando até ceco para outro dia, agora são 04:12, tenho um amigo que é pouco obcecado por esse número, 42, não sei por que, talvez ele possa me dizer algo agora.

está um calor insuportável, não sei se são inquietudes dentro de mim ou se de fato a temperatura está elevada, tudo que eu sei é que acordei de angústia, de medo. o silêncio muitas vezes fala mais que o barulho, o silêncio muitas vezes é mais nítido que o caos, nesse caos eu apavorei. milhões de pensamentos triunfaram pela mente, zilhões de possibilidades como montanha-russa me joga para alto e depois uma queda, infinita e praticamente mortal.

o que você me jurou? cadê aquela sua convicção? onde está aquele sentimento do começo? o que eu devo fazer agora com essas informações passadas e como devo encarar a realidade agora? ou devo mesmo ficar em silêncio agora, e escutar toda memória. prometi para mim que dessa vez não derramarei lágrimas, mas quando me vi já estava aos prantos. a mesma dor que senti a dois anos atrás voltou com a mesma intensidade, é engraçado como algumas coisas mesmo com o passar do tempo elas não mudam, e outras nem o próprio tempo teve tempo de passar e elas já se transformaram, não há instrumento no mundo que consiga captar a sua metamorfose. como você. volúvel igual as aguas do mar, versátil como as nuvens do céu, eu sou só uma caçadora de lagartixas, o céu e o mar não é do meu alcance.

mesmo sabendo que morreria afogada, mesmo sabendo que morreria caindo lá do alto, eu fiz o possível e o impossível, fiz porque o amor era intenso e esse sim, não é do meu alcance. fui ambiciosa e prepotente achando que poderia sustentar esse amor. pela enésima vez, errei.

fiz tudo à pressa para que tudo pudesse acabar em breve, será que à pressa isso está chegando ao fim? por isso que terminou até cedo...