A FALSA MADAME

Helena, vistosa, arrumada e perfumada passeava numa tarde de sexta-feira pelo shopping olhando as vitrines das lojas de grifes famosas. Parou em frente a uma e paquerava as roupas que seu salário de doméstica não daria para pagar nem pelo menos uma peça.

__Boa tarde senhora! Falou a vendedora

Helena como era dissimulada resolveu dá uma de grã-fina e disse:

__Só estou dando uma olhadinha

__Pois não querida, entre, venha ver nossa coleção.

__E assim fez a doméstica que justificava em seu pensamento: __Vou olhar, afinal, não sou obrigada a comprar.

__Qual a sua preferência? Vestidos ou saias? Indagava a vendedora.

__Gosto dos dois, mas minhas paixões são os vestidos, principalmente aqueles que colam ao corpo.

Depois de ver e apreciar vários vestidos, Helena resolve ir embora, mas a vendedora insiste que ela prove algum vestido.

__Vamos! Prove este. Ficará lindo em você. Vá até o provador e prove este.

E assim fez a doméstica. Entrou no provador. Tendo despido a roupa vestiu o vestido, mas na hora de fechar o zíper foi aquela dificuldade, mas mesmo sentindo que o vestido ficara apertado, insistiu e fechou o zíper.

Mas de repente Helena sente o vestido abrir, quando olha no espelho o vestido havia se aberto na lateral. Tomada de pânico ela tentava abrir o zíper, mas não conseguia. E a vendedora batia a porta.

__E aí? Deu certo o vestido? Senhora Helena?

__Sim querida, mas estou olhando ainda. Você não tem outro de outra cor?

__Sim vou pegar pra você ver.

E agora? A doméstica puxava insistentemente o zíper e com muito esforço conseguira abrir. Tirando o vestido via piedosamente o estrago que havia feito, mas não podia mostrar a vendedora, pois haveria de trabalhar quatro meses para pagar o vestido.

A vendedora voltou e lhe passou mais um vestido por cima da porta para que ela provasse.

E Helena desesperada pensava, arquitetava a maneira de se livrar do vestido.

E a vendedora questionava: __Gostou desse senhora Helena?

__Não querida, ficou folgado.

E a vendedora trazia vestidos e mais vestidos que ficavam intactos, um a um, pois depois do acontecido, Helena não provava mais nenhum vestido e o amontoado de roupas se formava. Idéia que havia se formado na cabeça da doméstica para que no amontoado de roupas o vestido rasgado passasse despercebido.

Finalmente Helena saíra do vestuário, cansada, pálida, desconfiada e com uma trouxa de vestidos, colocando-os sobre o balcão.

__E aí querida? Qual vai levar?

__Nenhum querida, todos eles não ficaram bem em mim.

De repente, chega outra senhora e pergunta pelo vestido verde. O mesmo que Helena acabara de rasgar. A vendedora com um súbito esquecimento não lembrava que havia dado o vestido entre tantos que insistiu para que a doméstica provasse e assim foi procurá-lo pela loja. Quando a vendedora deu as costas, Helena rapidamente pega o vestido e coloca embaixo dos outros.

A vendedora volta e Helena se despede, quando dá um passo o vestido verde aparece dentre o amontoado de vestidos enganchado na bolsa de Helena.

Alessandro Mello
Enviado por Alessandro Mello em 31/01/2011
Reeditado em 15/04/2012
Código do texto: T2763606