A Morte. Por que temê-la?
A morte, por que temê-la?
Por coincidência ou porque o assunto está deixando de ser algo que só podia ser comentado às escondidas, recentemente deparei com três artigos enfocando a morte, principalmente quando a pessoa já não é dona de seu próprio corpo em face de moléstia incurável. Vive vegetando seja por aparelhos sofisticados ou inúmeros medicamentos, acarretando sofrimento doloroso a si e aos seus próximos durante muitos anos.
Há somente um ou dois paises que permitem a eutanásia “ato de proporcionar a morte sem sofrimento a doente incurável vítima de dores insuportáveis”. Muitas pessoas concordam com essa medida, mas torná-la realidade é outra história. Os nossos legisladores temem enfrentar a ira das entidades religiosas que são categoricamente contras.
Mas um dia o bom senso há de prevalecer. Quem se recorda da implantação do divórcio no Brasil?
Um dos artigos afirma “é preciso respeitar a autonomia individual e não prolongar inutilmente o sofrimento do doente e ser contra a obstinação terapêutica que se tenta a manter um cadáver ligado a uma máquina”. O autor comenta a recente lei aprovada em Portugal em que permite o indivíduo expressar por escrito o tratamento que deseja receber caso perca a sua autonomia por doença grave. O Brasil, não por lei, mas por decisão judicial, o médico pode desligar os aparelhos que mantém alguém vivo, desde que haja manifestação deixada pelo enfermo.
O segundo artigo afirma “o desejo de morrer é uma oração, um suspiro da vida que deseja voar”. E cita inclusive Bach que compôs “Vem doce morte”. E finaliza “ouvindo esse coral, a partida fica triste, bela e calma.”
O terceiro artigo faz um longo comentário sobre os últimos momentos de Mário Covas que percorreu com dignidade os caminhos da incerteza e serve de lição a muito que temem a morte. Por que muitos dizem: o que me entristece não é a morte, mas o que deixei de fazer em vida.