DESEQUILÍBRIO SÓCIO-ECONÔMICO
Hoje, ao acaso, escutei uma personalidade do mundo esportivo, já aposentada, apresentando a entidade assistencial por ele criada e mantida. Orgulhoso. Resultados comunitários e sociais claramente evidenciados.
Como dita entidade está instalada em uma comunidade extremamente pobre, cercada pelo convívio com a droga e por conseqüência toda a violência por ela atraída, de repente ele foi questionado se o fato de estar tão próximo desse mundo, se isto, a droga, não seria o que maior mal que lhe cercava e que prejudicava o desenvolvimento daquela gente.
E ele, de forma muita simples, objetiva, reta e sem precisar pensar, respondeu: “Não. O que mais prejudica essa comunidade e tantas outras, ou todas, é a disparidade social”. Isso, bem simples assim. Realmente é simples assim.
Aquilo que se combate todo o tempo, que se consideram os maiores problemas sociais, como a criminalidade, a droga, a vadiagem, são apenas conseqüências. Só conseqüências. O grande vilão, o grande câncer social, o gerador das mazelas é a ganância, a exploração, é a selvageria do capitalismo e que cria essa disparidade, esse desequilíbrio sócio-econômico. Esse o poço escuro onde se encurrala a pobreza explorada e sem saída.
Olhamos as favelas, os meninos, os jovens vadios, as meninas e moças se prostituindo. Vimos os bairros periféricos, escondendo as vidas sendo apenas vividas, com parcas ou nenhuma esperança e os mais abastados ou os tantos já acabrestados, já cegos, pelo discurso capitalista, dizendo que aquilo é conseqüência da falta de iniciativa.
Vimos o amontoado de casebres desumanos, gente empilhada vivendo pouco melhor (?) do que se vivia no tempo das cavernas, ao lado ou muito próximos de lindos e ostensivos prédios de luxo, mansões faraônicas e já não estranhamos, ou consideramos aquilo como a diferença entre o trabalhador e o esforçado. Entre a labuta e o ócio simplesmente.
E dizemos que aquele que estuda, consegue. Passa no vestibular, consegue um bom emprego. Como se fosse simples assim. Como se houvesse lugar para todos os pobres estudarem. Se houvesse bom emprego, bem remunerado, para toda essa multidão.
Como se o acesso a um descente pedaço de terra, para construir uma civilizada residência, estivesse acessível para tantos. Vamos por a mão na consciência e reconhecer que a corrida por um lugar ao sol, é mais ou menos como a corrida dos espermatozóides a caminho da fecundação. São milhões buscando o mesmo ninho e somente um, quando muito e raramente dois, conseguem seu lugar ao sol. Todos os demais ficam e morrem no caminho.
O Governo existe para buscar o equilíbrio social. Para fazer valer os valores humanos, a mínima condição humana de vidas descentes, mas a tarefa é difícil. Lembro do representante maior do capitalismo doentia que vivia camuflado dentro do governo, Delfim Neto, que sempre que era questionado sobre a distribuição de renda, dizia, repetitivamente, que primeiro teria que fazer o bolo dos ricos crescer mais, para depois distribuir.
E eu já na época me perguntava se algum dia os gulosos iriam concluir que o bolo já estava de bom tamanho. E eu mesmo me respondia que isso jamais ocorreria. Eu sei que querer que o rico se considere rico o suficiente para concluir que já pode dividir, é como querer matar a sede com água do mar. A água do mar, quanto mais tomamos, mais sede passamos a sentir.
Ações como a dessa celebridade esportiva, se multiplicadas, ajudam sim. Ajudam muito mais como exemplo do que como resultado prático, em função do ínfimo alcance das suas ações. O que resolveria, é o Governo continuar cada vez mais forte, fazer valer o direito que lhe é conferido pela sociedade como um todo, para estabelecer o equilíbrio, cobrando os impostos devidos de quem os deve e os distribuindo socialmente. Que a polícia federal continue o forte trabalho de detectar e cobrar os impostos sonegados, levando os sonegadores à cadeia, esses sim os verdadeiros criminosos sociais. Não os meninos que roubam para matar a fome. Não os jovens usados na venda de drogas, como meio de sobrevivência, apesar dos malefícios que causam.
Escuto e vejo tudo isso ao meu redor e tenho que engolir hipócritas gritando e convencendo os ignorantes que o Governo é injusto na cobrança dos impostos. Vejo idiotas de cabrestos repetindo os vômitos dos avarentos, maldizendo a distribuição de cestas para matar a fome de humanos. Vejo madames que gastam em um mês com seus cachorrinhos de estimação, o que daria para alimentar e educar uma criança até sua juventude, então sadia. E pior que não raro o dinheiro gasto assim com seus bichinhos e outras patifarias, é fruto de sonegação e da exploração do seu semelhante.
Tenho que escutar e me conter, diante de falácias de tantos, criticando as ações pela defesa da reforma agrária, com as balelas que não é justo o Governo confiscar terras de pessoas que possuem suas imensas, abundantes e desnecessárias e devolutas áreas, sempre adquiridas com “o suor do trabalho”. Eu só posso rir quanto escuto isso. Tenho que rir, mas esses e outros velhacos, falam em fortunas adquiridas com o “suor do rosto” com a maior cara-de-pau, sem o mínimo escrúpulo diante do ridículo dos argumentos.
É, temos realmente quer dar novo nome para sonegação, para as falcatruas e exploração do trabalho. Temos que passar a chamar essas atitudes e ações vis, de “suor do trabalho”. Se já chamamos sonegador, corruptor, explorador do trabalho de esperto, podemos também chamar “suor” toda falcatrua capitalista indecente.
Eu bem que poderia enfileirar os tantos idiotas que vivem dizendo que a pobreza, as favelas, a ignorância pela falta de escola, é conseqüência da falta de vontade, pois, sou um exemplar dos que viveram na pobreza extrema e hoje vivo dignamente, sem utilizar de recursos escusos. Mas sei que não é assim. Eu sei, eu vivi e convivo lá, eu sei que a fresta que existe para escapar do buraco negro, do poço fundo da pobreza, é estreito, muito estreito e por ali poucos conseguem passar. Muito poucos. Não por falta de vontade e sim de oportunidade.
E lá dentro desse buraco, lá sim, é uma verdadeira luta para sobreviver. Lá sim tem que haver muito suor, muito suor, sem sonegação nem exploração, pois, não tem o que sonegar nem a quem explorar.
Hoje, ao acaso, escutei uma personalidade do mundo esportivo, já aposentada, apresentando a entidade assistencial por ele criada e mantida. Orgulhoso. Resultados comunitários e sociais claramente evidenciados.
Como dita entidade está instalada em uma comunidade extremamente pobre, cercada pelo convívio com a droga e por conseqüência toda a violência por ela atraída, de repente ele foi questionado se o fato de estar tão próximo desse mundo, se isto, a droga, não seria o que maior mal que lhe cercava e que prejudicava o desenvolvimento daquela gente.
E ele, de forma muita simples, objetiva, reta e sem precisar pensar, respondeu: “Não. O que mais prejudica essa comunidade e tantas outras, ou todas, é a disparidade social”. Isso, bem simples assim. Realmente é simples assim.
Aquilo que se combate todo o tempo, que se consideram os maiores problemas sociais, como a criminalidade, a droga, a vadiagem, são apenas conseqüências. Só conseqüências. O grande vilão, o grande câncer social, o gerador das mazelas é a ganância, a exploração, é a selvageria do capitalismo e que cria essa disparidade, esse desequilíbrio sócio-econômico. Esse o poço escuro onde se encurrala a pobreza explorada e sem saída.
Olhamos as favelas, os meninos, os jovens vadios, as meninas e moças se prostituindo. Vimos os bairros periféricos, escondendo as vidas sendo apenas vividas, com parcas ou nenhuma esperança e os mais abastados ou os tantos já acabrestados, já cegos, pelo discurso capitalista, dizendo que aquilo é conseqüência da falta de iniciativa.
Vimos o amontoado de casebres desumanos, gente empilhada vivendo pouco melhor (?) do que se vivia no tempo das cavernas, ao lado ou muito próximos de lindos e ostensivos prédios de luxo, mansões faraônicas e já não estranhamos, ou consideramos aquilo como a diferença entre o trabalhador e o esforçado. Entre a labuta e o ócio simplesmente.
E dizemos que aquele que estuda, consegue. Passa no vestibular, consegue um bom emprego. Como se fosse simples assim. Como se houvesse lugar para todos os pobres estudarem. Se houvesse bom emprego, bem remunerado, para toda essa multidão.
Como se o acesso a um descente pedaço de terra, para construir uma civilizada residência, estivesse acessível para tantos. Vamos por a mão na consciência e reconhecer que a corrida por um lugar ao sol, é mais ou menos como a corrida dos espermatozóides a caminho da fecundação. São milhões buscando o mesmo ninho e somente um, quando muito e raramente dois, conseguem seu lugar ao sol. Todos os demais ficam e morrem no caminho.
O Governo existe para buscar o equilíbrio social. Para fazer valer os valores humanos, a mínima condição humana de vidas descentes, mas a tarefa é difícil. Lembro do representante maior do capitalismo doentia que vivia camuflado dentro do governo, Delfim Neto, que sempre que era questionado sobre a distribuição de renda, dizia, repetitivamente, que primeiro teria que fazer o bolo dos ricos crescer mais, para depois distribuir.
E eu já na época me perguntava se algum dia os gulosos iriam concluir que o bolo já estava de bom tamanho. E eu mesmo me respondia que isso jamais ocorreria. Eu sei que querer que o rico se considere rico o suficiente para concluir que já pode dividir, é como querer matar a sede com água do mar. A água do mar, quanto mais tomamos, mais sede passamos a sentir.
Ações como a dessa celebridade esportiva, se multiplicadas, ajudam sim. Ajudam muito mais como exemplo do que como resultado prático, em função do ínfimo alcance das suas ações. O que resolveria, é o Governo continuar cada vez mais forte, fazer valer o direito que lhe é conferido pela sociedade como um todo, para estabelecer o equilíbrio, cobrando os impostos devidos de quem os deve e os distribuindo socialmente. Que a polícia federal continue o forte trabalho de detectar e cobrar os impostos sonegados, levando os sonegadores à cadeia, esses sim os verdadeiros criminosos sociais. Não os meninos que roubam para matar a fome. Não os jovens usados na venda de drogas, como meio de sobrevivência, apesar dos malefícios que causam.
Escuto e vejo tudo isso ao meu redor e tenho que engolir hipócritas gritando e convencendo os ignorantes que o Governo é injusto na cobrança dos impostos. Vejo idiotas de cabrestos repetindo os vômitos dos avarentos, maldizendo a distribuição de cestas para matar a fome de humanos. Vejo madames que gastam em um mês com seus cachorrinhos de estimação, o que daria para alimentar e educar uma criança até sua juventude, então sadia. E pior que não raro o dinheiro gasto assim com seus bichinhos e outras patifarias, é fruto de sonegação e da exploração do seu semelhante.
Tenho que escutar e me conter, diante de falácias de tantos, criticando as ações pela defesa da reforma agrária, com as balelas que não é justo o Governo confiscar terras de pessoas que possuem suas imensas, abundantes e desnecessárias e devolutas áreas, sempre adquiridas com “o suor do trabalho”. Eu só posso rir quanto escuto isso. Tenho que rir, mas esses e outros velhacos, falam em fortunas adquiridas com o “suor do rosto” com a maior cara-de-pau, sem o mínimo escrúpulo diante do ridículo dos argumentos.
É, temos realmente quer dar novo nome para sonegação, para as falcatruas e exploração do trabalho. Temos que passar a chamar essas atitudes e ações vis, de “suor do trabalho”. Se já chamamos sonegador, corruptor, explorador do trabalho de esperto, podemos também chamar “suor” toda falcatrua capitalista indecente.
Eu bem que poderia enfileirar os tantos idiotas que vivem dizendo que a pobreza, as favelas, a ignorância pela falta de escola, é conseqüência da falta de vontade, pois, sou um exemplar dos que viveram na pobreza extrema e hoje vivo dignamente, sem utilizar de recursos escusos. Mas sei que não é assim. Eu sei, eu vivi e convivo lá, eu sei que a fresta que existe para escapar do buraco negro, do poço fundo da pobreza, é estreito, muito estreito e por ali poucos conseguem passar. Muito poucos. Não por falta de vontade e sim de oportunidade.
E lá dentro desse buraco, lá sim, é uma verdadeira luta para sobreviver. Lá sim tem que haver muito suor, muito suor, sem sonegação nem exploração, pois, não tem o que sonegar nem a quem explorar.