COMO LIDAR COM A MORTE DE ENTES QUERIDOS

Não há respostas simples, sobre como lidar com a morte.

A ausência física, a saudades doe e faz sofrer.

As vezes quando sentimos a falta de alguém que morreu, parece que o mundo inteiro esta vazio de gente.

Importante sabermos, que o luto precisa ser vivido.

Cada pessoa fica enlutada de uma maneira única, não existindo portanto maneiras melhores ou piores.

O luto precisa ser realizado, e para tanto é preciso expressar os sentimentos.

Mas, para quem ?

Quem está disposto a ouvir ?

Qualquer coisa que o enlutado sinta, tem que ser colocado para fora, isso é terapêutico.

Não adianta fugir, negar ou sufocar a dor. Só existe um caminho para superá-la, enfrentando-a.

Portanto a dor não pode ser negada, falar sobre a perda é fundamental.

Em países como a Inglaterra e EUA, existem serviços públicos de apoio ao enlutado, com o acompanhamento de psicólogos, psiquiatras e terapeutas.

A intenção é fazer com que a pessoa que perdeu alguém, realize o luto.

Há orientação, de que promovam uma catarse emocional em família, se reunindo, e falando sobre o morto, lembrando de sua vida, de tudo de bom que ele realizou e do amor que deixou entre eles.

Aqui no Brasil a Doutora Maria Helena Bromberg, criou o "Laboratório de Estudos e Intervenções Sobre o Luto."

Ela descreve em pormenores a necessidade de se vivenciar a perda, para realizar o processo do luto.

Importante levar em conta nas ocorrências das mortes de entes queridos fatores como:

- A natureza da relação com a pessoa que morreu, quanto mais forte o vínculo maior a dor da perda.

- A Circunstância da morte

- O apoio que o enlutado está recebendo.

Entender que, luto compartilhado é luto amenizado.

O luto é responsável por grande parte da Depressão, está entre os três primeiros lugares, entre as causas mais comuns da doença.

Não existe um tempo padrão para superar o luto.

O tempo ameniza a dor mas, também é capaz de gerar um luto crônico.

No luto crônico quanto mais o tempo passa pior fica.

Para que isso nao aconteça é preciso que o processo da perda seja vivenciado pelo que perdeu.

Há pouco li um caso ocorrido no consultório de um psiquiatra.

Uma senhora de 82 anos, vem para uma consulta e conta ao médico.

Doutor, meu marido com quem estive casada por mais de meio século, morreu há três meses, um mês depois nosso único filho, se suicidou.

E as pessoas que conheço, estão me pressionando para que eu não fique triste, não chore, me distraia e fique bem.

Agora, diz ela, lhe faço uma pergunta:

O que houve com as pessoas? Eu estou maluca ou o mundo ficou idiota?

O médico então responde: Não, a senhora não está maluca, o mundo ficou idiota.

Um fator que vem como grande apoio a perda de nossos entes amados, é nossa fé.

Seja ela qual for, se realmente a fé, é algo sentido dentro de nossa alma, será um forte apoio, um arrimo, um alento, nesse período de tanta dor e saudades.

Outro ponto de grande ajuda são nossas relações, com familiares e amigos, que nos ofertam seu carinho e atenção, para um período delicado em nossas vidas.

Porém, importante entendermos que o apoio maior quem nos dará, seremos nós mesmos.

Nesses momentos o auto-conhecimento, será de grande valia, pois, saberemos reconhecer nossas necessidades, e nos ajudarmos de maneira muito oportuna.

Respeitaremos os nossos sentimentos, a nossa ligação com o ente querido que partiu, e teremos a paciência que for preciso conosco mesmo, para que essa dor seja vivida integralmente.

Não teremos receios de mostrar que estamos tristes, sofridos, saudosos, e que precisamos muito de ombro amigo.

Se conhecermos melhor a nós mesmos, não ficaremos preocupados, em quanto tempo a dor vai demorar, porque confiaremos em nossas possibilidades de recuperação.

Importante acrescentar também, que o tempo ameniza a dor da separação de quem ama, porém a saudades continua, só que de maneira mais amena.

As recordações serão bem vindas também, viver o luto, e passar por ele, nao significa perder a memória do ser amado que partiu.

Mas vamos passando a lembrar de momentos, cada vez com menos dor e mais gratidão no coração, pelo tempo que desfrutamos da companhia do que se foi.

Quando tinha 11 anos minha mãe morreu, a dor foi imensa, o vazio ainda maior.

Me perguntei durante muitos anos, por que ela havia partido tão cedo?

Com o tempo fui mudando o foco, passei a agradecer por tê-la tido ao meu lado por 11 anos.

As lembranças continuam vivas, queridas, cheias de um carinho sem fim.

A saudades também é companheira, porque a meu ver só sentimos saudades do que foi bom.

Mas a dor aguda da perda, foi sendo amenizada e consumida pela vivência do luto, ao longo de um certo tempo.

Já faz tempo li uma história de titulo: " Devolver as joias"

e creio que ela ilustre bem, o como deveríamos nos comportar frente ao fato da morte.

Conta a história, que um rabino, ficava muito fora de sua casa por motivo de pregar sua fé.

Tinha uma bondosa esposa e dois filhos muito amados.

Certa vez, os dois filhos jovens, se acidentaram no trabalho e vieram a falecer.

A esposa desolada com a dor, logo parou de pensar em seu imenso sofrer, e lembrou-se que o marido voltaria de sua viagem dali a alguns dias, e preocupou-se em como dar-lhe tão triste notícias, já que o marido tinha o coração doente.

No dia que o companheiro chegou, logo perguntou pelos rapazes, ela então disse, estão bem, vamos conversar um pouco.

E disse a ele, um amigo muito amado nosso, quando você estava em viagem me trouxe duas joias preciosas de valor inestimável, para que eu tomasse conta, e agora voltou para buscá-las, mas eu estou com dó de entregar a ele, pois me afeiçoei muito a elas.

O que você acha que devo fazer ?

O marido rapidamente respondeu, o que é isso mulher, claro que tem que entregá-las, pois não são tuas, você era simples mordomo das mesmas.

Ela então respondeu, você está certo, e eu já as devolvi, essas joias são nossos dois amados filhos, que DEUS nos deu, e agora veio buscá-los de volta.

Se assim entendessemos a morte, claro o luto seria muito mais fácil.

OBS.: Esse texto foi publicado, em 18/03/2010

É, até o momento meu texto mais lido, com 1079 leituras.

Lenapena
Enviado por Lenapena em 30/01/2011
Reeditado em 23/03/2011
Código do texto: T2761923