Crônica da vida
Ao entardecer pude ver o céu dourado, nuvens de prata, e o grande medalhão de ouro se escondendo no horizonte distante. Como o efeito de um photoshop usado para criar cena irreais em fotografias ruins. Uma tentativa de iludir a pobre mente vazia.
Os passarinhos cantando em meu jardim, repleto de flores lutando por espaço com o capim. Ervas daninhas que se infiltraram, prejudicando e arruinando o que consomem. Sinais de que algo precisa ser feito, talvez uma mudança radical, limpeza, novas fotografias para enfeitar velhas paredes.
Os minutos não ousam parar, vejo o tempo passar como um piscar de olhos. Meus cabelos ficam brancos, enquanto espero a decadência absoluta de meu corpo, enfraquecendo aos poucos. Uma música que perdeu sua sonorolidade, que já não tem quem a canta.
As sensações que sempre senti, únicas como selos raros, mas que não pude guardar em uma pasta catálogo. A rima de um poema perfeito, que não se encontra dentro de um dicionário qualquer, apenas no mundo dos sonhos. Tento colher frutos do impossível, como um gosto saboroso daquilo que nunca provei.
Quebra cabeça de uma arte que não existe, faltando uma peça que se encaixa na lacuna da imaginação. Um conto de fadas cheio de bruxas malvadas perseguindo a saída da ficção. Os olhos acompanham o fechamento do livro, os dias deixam folhas amarelas, os bichos de seda devoram o fim.