No balcão do antigo INPS
 
- O quê você está fazendo?
- Nada
- E você aí ao lado dela?
- Eu estou ajudando ela.
Esse diálogo, contado como piada, é verdadeiro em algumas repartições públicas. O homem chegou, espe-rou uns cinco minutos e as duas mulheres continuaram conversando. Via-se, de longe, que não estavam falan-do sobre trabalho, já que as gargalhadas espocavam a cada momento. O homem pensou: sorte delas eu estar sob o efeito dos remédios e de bom-humor hoje. Se fosse em outros tempos eu já tinha dado um esporro nessas incompetentes e quebrado a metade desses móveis. Se ainda tivessem bonitas pernas eu passaria até o dia todo me deliciando, mas olha só quantas varizes! O cabelo nem se fala, a loura parece o Vis-conde de Sabugosa e a morena, parece anúncio de bombril. A roupa é simplesmente ridícula, saia curta demais, blusa de malha, mostrando todos os pneus. Acho que nem a Firestone tem tanto pneu assim. Nesses pensamentos ele ficou distraído, talvez mais uns 10 minutos e nada de as mulheres resolverem atendê-lo.
Vou resolver isso agora mesmo. Vou fingir uma reca-ída, pensou. Desceu as escadas e voltou, dessa vez cantando em altos brados, o hino nacional. Todos fica-ram assustados e acharam que aquele homem era um louco. Ele era mesmo, não propriamente louco, mas perturbado e estava em fase de recuperação. Cos-tumava ter uns surtos que o afastavam do trabalho por meses. Agora estava controlado com remédios e podia viver uma vida quase normal. Quando era necessário, no entanto, voltava aos surtos, e aquele era um mo-mento especial que só dando uma de louco seria resolvido.
Em três tempos o atenderam e resolveram o problema dele para se livrarem do incômodo que ele lhes estava proporcionando, primeiro por cantar alto, segundo por cantar mal e terceiro por mudar a letra do hino, subs-tituindo cada palavra por uma outra, só que obscena. Depois de resolvido o problema ele saiu sorrindo e cantando e, juntando os dedos de uma das mãos, passou-os na boca num gesto que queria dizer: “mamão com açúcar, enganei todo mundo”.
Hoje em dia o agora INSS, está modernizado e até marcam , por telefone, a hora para nos atender.
     M-a-r-a-v-i-lha!
edina bravo
Enviado por edina bravo em 28/01/2011
Reeditado em 06/02/2014
Código do texto: T2757901
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