Beleza Essencial
Foi preciso um segundo olhar para que ele notasse o quanto ela era bela. Na verdade, um terceiro olhar mais atento e sensível, se fez necessário.
Diante de seus olhos inexperientes em prescrutar o interior de uma pessoa, Leon admitiu para si mesmo que, antes de conhecer Lílian, os seus conceitos de beleza se limitavam a uma estética fria e padronizada, de simetrias óbvias, que não exigiam nenhum movimento vital ou expressividade em especial do objeto a ser observado.
Assim como ele admirava as obras de arte gregas em seus traços perfeitos, uma mulher, para ele, deveria ser apenas um projeto similar ao da boneca barbie, para ser considerada bonita.
E, por isso mesmo, nem notou a presença de Lílian, no decorrer de toda a festa, desde que chegara várias horas antes.
Prestara atenção em várias mulheres, muitas bonitas, louras ou morenas, outras sedutoras, alegres e muito falantes.
Mas aquela mulher comum, um tanto quanto discreta e silenciosa, passara completamente desapercebida por ele. Nem sequer lembrava-se, se fora apresentado a ela quando chegou na festa.
Mas eis que o anfitrião anuncia a cantora, que sobe ao palco muito bem improvisado e parece que Leon a vê, pela primeira vez, como se ela houvesse surgido do nada naquele instante.
Como os demais convidados, esperou para assistir ao que viria, sentado confortavelmente com a taça de vinho na mão, numa poltrona bem de frente ao palco.
E a moça subindo ao palco, tranquila e segura, sem demonstrar nervosismo ou qualquer traço de ansiedade, sorriu para a platéia, com clara presença, numa fileira de alvos e brilhantes dentes e, a partir dessa noite, ele soube que jamais deixaria de notar a covinha charmosa que se formava em sua bochecha esquerda, quando ela sorria assim.
Mais do que isso, quando ela apresentou-se em poucas palavras e começou a cantar, ele foi surpreendido por uma bela, belíssima voz. A moça balançava o corpo, de forma tão sensual e deliberada, que ele teve, de fato, de ajeitar-se melhor na poltrona e manter o tronco ereto, discretamente inclinado para a frente.
E ficou assim a olha-la, olha-la e olha-la, descobrindo nessa mulher, uma beleza tão radiante que o deixava, literalmente, de boca aberta.
Seus movimentos eram tão graciosos, seu olhar tão expressivo e o sorriso tão cativante, que Leon foi sendo certeiramente fisgado por uma espécie superior de beleza que acabara de conhecer.
Aquela mulher fazia-o sentir-se mais e mais interessado em desvendar tudo o que conseguisse decifrar a seu respeito.
No momento, havia descoberto que ela era linda e que tornava-se mais e mais bela à seus olhos a medida que cantava e dançava, e que só o que ele queria, era que o tempo parasse e ele pudesse repousar seu olhar por muito tempo, nessa presença radiosa de ser humano, que como que o convidava com o olhar e com a expressão do rosto e do corpo inteiro a investigar a beleza essencial.
A beleza de uma alma que se entrega porque se sabe bela. E livre, por saber ocupar o seu lugar.
Foi preciso um segundo olhar para que ele notasse o quanto ela era bela. Na verdade, um terceiro olhar mais atento e sensível, se fez necessário.
Diante de seus olhos inexperientes em prescrutar o interior de uma pessoa, Leon admitiu para si mesmo que, antes de conhecer Lílian, os seus conceitos de beleza se limitavam a uma estética fria e padronizada, de simetrias óbvias, que não exigiam nenhum movimento vital ou expressividade em especial do objeto a ser observado.
Assim como ele admirava as obras de arte gregas em seus traços perfeitos, uma mulher, para ele, deveria ser apenas um projeto similar ao da boneca barbie, para ser considerada bonita.
E, por isso mesmo, nem notou a presença de Lílian, no decorrer de toda a festa, desde que chegara várias horas antes.
Prestara atenção em várias mulheres, muitas bonitas, louras ou morenas, outras sedutoras, alegres e muito falantes.
Mas aquela mulher comum, um tanto quanto discreta e silenciosa, passara completamente desapercebida por ele. Nem sequer lembrava-se, se fora apresentado a ela quando chegou na festa.
Mas eis que o anfitrião anuncia a cantora, que sobe ao palco muito bem improvisado e parece que Leon a vê, pela primeira vez, como se ela houvesse surgido do nada naquele instante.
Como os demais convidados, esperou para assistir ao que viria, sentado confortavelmente com a taça de vinho na mão, numa poltrona bem de frente ao palco.
E a moça subindo ao palco, tranquila e segura, sem demonstrar nervosismo ou qualquer traço de ansiedade, sorriu para a platéia, com clara presença, numa fileira de alvos e brilhantes dentes e, a partir dessa noite, ele soube que jamais deixaria de notar a covinha charmosa que se formava em sua bochecha esquerda, quando ela sorria assim.
Mais do que isso, quando ela apresentou-se em poucas palavras e começou a cantar, ele foi surpreendido por uma bela, belíssima voz. A moça balançava o corpo, de forma tão sensual e deliberada, que ele teve, de fato, de ajeitar-se melhor na poltrona e manter o tronco ereto, discretamente inclinado para a frente.
E ficou assim a olha-la, olha-la e olha-la, descobrindo nessa mulher, uma beleza tão radiante que o deixava, literalmente, de boca aberta.
Seus movimentos eram tão graciosos, seu olhar tão expressivo e o sorriso tão cativante, que Leon foi sendo certeiramente fisgado por uma espécie superior de beleza que acabara de conhecer.
Aquela mulher fazia-o sentir-se mais e mais interessado em desvendar tudo o que conseguisse decifrar a seu respeito.
No momento, havia descoberto que ela era linda e que tornava-se mais e mais bela à seus olhos a medida que cantava e dançava, e que só o que ele queria, era que o tempo parasse e ele pudesse repousar seu olhar por muito tempo, nessa presença radiosa de ser humano, que como que o convidava com o olhar e com a expressão do rosto e do corpo inteiro a investigar a beleza essencial.
A beleza de uma alma que se entrega porque se sabe bela. E livre, por saber ocupar o seu lugar.