SABER SE EXPRESSAR....ESCREVENDO.
Alguns escrevem como máquinas, diríamos, são prolixos. Prolixidade consiste em se expressar alongadamente, escrevendo ou falando, muitos entendem a semântica de outra forma referentemente ao vocábulo, mesmamente como diuturno, que muitos pensam equivocadamente significar diariamente quando indica alongadamente. E por aí vai nossa rica lingua, ou se está em zênite ou nadir quanto ao seu exercício.
E desimporta considerar o conhecimento da lingua com tantas
(infelizmente) linguas inventadas e com o vernáculo espancado, mas importa a grande porta do convívio da era da eletricidade, para a qual MacLuhan antecipava gigantescos saltos como acontecido, em sua obra notável, “A Galáxia de Gutemberg”, mas que de forma alguma acabou com a prensa, o livro.
Sou um pouco assim, prolixo, mas não gongórico, que sei ser e tento limpar, mas o estilo quer comandar. Fui muito quando jovem e carrego o peso dos dicionaristas que frequentava. A comunicação deve ser coloquial, principalmente na internet. Talvez pela genética italiana se explique minha metralhadora giratória na qual ponho freios.
Para alunos, embora tenha sempre recusado o professorado, sou paciente pelo desafio de chegar à meta; passar o conhecimento. Isso é complicado, existem alunos e alunos.
Certa vez dando aula para advogados que fariam concurso para a magistratura, considerando matéria singela, um dos advogados disse, “não estou entendendo”, mas todos entenderam, uma coisa óbvia. Disse então, não posso ir além desse explicativo doutor. O que é cautelar e antecedente ou incidente e posterior, ou seja, o que se dava antes de um processo principal proposto ou incidentemente, quando um processo principal já era existente, estava proposto, e acresci, já lhe dei três exemplos concretos. Ele se exasperou e disse eu então secamente, se o senhor continuar no curso eu não continuarei. E comuniquei que não voltaria. É difícil lidar com a incompreensão e ser o que não queremos. Duros, sem civilidade e até violentos. Me fazia expressar com clareza, me expressei claramente, dei exemplos e a pessoa foi mal educada.
Uma amiga internáutica, gentilíssima, pediu que escrevesse em site que tem com matéria indicada, e foi paradigmática, exclusivas vinte e cinco linhas, Marília Paixão.
Encargo difícil, tema com o qual escreveria alguns livros, se quisesse e sem pretensão; sobre o medo.
Com esse traço, prolixidade, é preciso cuidado, pois como uma metralhadora escrevemos, bem ou mal, agradando ou não. Muitos são assim e, por isso, cometem pecadilhos ou pecados capitais. Quando não se fecha o pensamento com lógica, fica um querer saber o que pretendia ser dito e não foi por quem escreveu, ou um dizer o que já foi dito, e não percebido e não entendido.
Isso chama-se reiterar, iterar, reincidir, reafirmar, e simplemente repetir. E o repetir traz uma sinalização que vai além da dosagem dos pecados, pecadilhos ou capitais, na escala de valores inteligenciais hermenêuticos.
Vamos nos afastar das advertências de Maquiavel, para quem existem três tipos de mentes, as que aprendem sem ensinamentos, as que precisam de quem as ensinem e as que não aprendem nem mesmo ensinadas. Neste último caso estava aquele “doutor”. Por isso devemos ter cuidado nas manifestações externadas para que sejam entendidas. Isto se chama fechar o pensamento, a expressão, sem o que ficamos sem entendimento e compreensão do que pretendia ser dito e ficou no caminho, ou no corroborar o que já se disse e não alcançou o destinatário, ou se alcançou abortou a comunicação que esclarece, não se apossou dela.
Se assim não procedermos, com cuidado e revisão, incidimos na possibilidade de consubstanciarmos a terceira mente definida pelo famoso e perigoso produtor do “Principe”.
A internet é um espaço propício à manifestação prolixa ou desavisada quanto à real expressão pretendida.