AS LEMBRANÇAS
Caminhando pelo condomínio na praia, estávamos eu e minha filha.
Passando em determinada rua, ela me disse: "olha mãe aqui era casa do Tomé, (um amigo dela). Lembra, quando eu anos atrás vinha para cá, e ficava até tarde batendo papo com a galera de amigos. Durante o dia era praia, sol, e a noite, música e conversa, que não acabava nunca".
Ouvindo-a falar, pensei: olha só quantas lembranças minha filha já tem, de sua adolescência.
A casa, em questão já nem é mais do Tomé, seus pais, venderam-na, pois ela é como se diz no mercado imobiliário, pé na areia, e vale muito dinheiro.
Mas, as lembranças, essas, ninguém tira de minha filha, os deliciosos verões ali passados, em companhia de amigos queridos.
O tempo passa, e quando vemos, nossos filhos, já são donos de muitas lembranças, e até uma certa nostalgia, ao recordá-las. Fica na gente, um sentimento estranho, ao perceber, que eles, já tem saudades de tempos idos.
Talvez, porque para as mães, os filhos permanecem sempre pequenos, então vê-los descrever um tempo passado recheado de lembranças, soa estranho.
Mas, ela continuou recordando, uma fase que se foi, há quase três lustros.
Não tem jeito, o ontem deixa lembranças. Algumas boas outras nem tanto.
Quando as recordações são agradáveis, geram as saudades, que vira e mexe, vem povoar nossos pensamentos.
Quando são desagradáveis, não produzem saudades, e gostariamos de apagá-las, mas não inventaram ainda, uma borracha capaz de tal façanha.
Um passeio pela praia, despertou tantas vivências boas em minha filha.
As vezes, basta uma música, um cheiro, um filme, para nos fazer lembrar, se forem boas as recordações, nos deleitamos com elas, e esticamos para que as emoções geradas, durem um pouco mais.
Lembranças, fazem parte de nossa tragetória. A maneira como as guardamos, com cuidado e carinho ou não, é que faz a diferença, ao lembrá-las.
Outro dia uma cena de um filme, fez-me voltar no tempo, e rever o caminho da escola de minha infância.
A sala de cinema, deu lugar a paisagem bucólica, e vi a menina de uniforme, saia pregueada, azul marinho, camisa branca de botão, bolsa de couro na mão (herança de meu pai). E um buque de flores coloridas, recém colhidas do quintal, para entregar à professora.
Bastou um detalhe no filme, e lá fui eu, viajar em minhas lembranças.....