SONHOS EQUIPADOS
Ele vem!
Ela veio!
Chegou, chegaram!
Estiveram aqui , estacionou, buzinou
Na minha garagem especializada encostou
Serviço completo “please”
Calibrei, ajustei,dei um banho completo
Só não precisei ajustar o óleo, estava no nível certo
Sabe como é poucos quilômetros rodados, tudo era atração, nas quatro rodas tração
Qualquer um ficaria de pneus arriados mediante aquela perfeição
Algo estranho estava me acontecendo a ponto de tremer
Toda a minha carburação só podia ser uma desenfreada, paixão... Gasolina demais pra minha injeção
Não podia me conter ao olhar aquele estofamento macio
Dava uma vontade louca de ficar ali deitado por horas à fio, que linhas que cor que brilho!
Parecia polido com cera de abelha recém colhida da mais bela flor
Minhas mãos deslizavam naquela lataria, como uma esguia
Serpente ainda de sol ardente, com uma forma exuberante e de textura irrepreensível
Um designer hiperavantajado exclusivo, um conversível, que parecia se que parecia
Feito sob encomenda nas concessionárias, das “experts” deusas do amor e cia
E a dimensão da traseira, tinha um caimento fora do comum de primeira linha
Realmente uma abundancia, a descarga suspirava com perfeita ressonância
Logo depois bem cautelosamente, abri o maleiro tomei um susto passageiro
Que categoria espaço á vontade, tipo falsa magra que a gente só descobre mais tarde
Por dentro seu interior era do tipo simples, mas sofisticado, bem original pro seu estilo
Estava ali todinho no lugar certinho, não precisava de nenhuma peça de reposição!
E olha que me deu uma ânsia de olhar os baixos, mas, não carecia
Mas não carecia ,ali nada apodrecia, de frente era indescritível
Abri o capo e dei de cara com um motor, que parecia querer engolir
Todas as estradas deste mundo, tinindo e gemia alto, nenhuma falha
Qualquer “RPM”, enlouqueceria com tanta rotação e empenho
Tinha dois tipos de buzina, ah! aquelas buzinas pra ter uma idéia
Basta dizer que qualquer um adoraria entrar num engarrafamento
De repente o proprietário chegou, e me pegou distraído
Passando o pano na sua beldade, entreguei as chaves
Daquele patrimônio móvel, meio arrependido de não ter feito um “test driver”
Mas a César o que é de César, deu partida e se foi..
Bem que no fundo, no fundo queria ter tirado uma casquinha
Uma voltinha com aquela fofurinha, porém cheguei à conclusão
De que não poderia, apofiar com aquele carrão
Um tremendo avião quem sabe um dia talvez, mas por enquanto vou dirigindo
Meus sonhos no meu fusquinha 67.