A CIDADE DE SÃO PAULO
24 de dezembro de 1553: o padre José de Anchieta, por ordem do padre Manuel da Nóbrega desembarcou no local conhecido hoje como São Vicente, litoral do Estado de São Paulo, com mais doze jesuítas e foram subindo por veredas abertas pelos índios, enfrentando dificuldades, a fome, o frio, além das feras que encontravam pelo caminho, até chegar a São Paulo em meados de janeiro de 1554.
Ficaram acampados nos campos de Piratininga, em uma colina situada bem em frente ao rio Tamanduateí e o riacho Anhangabaú e iniciaram com a ajuda de índios Tupiniquim a construção de uma pequena casa de palha, com uma esteira de cana à guisa de porta. A choupana era tão pequena que eles viveram apertadamente durante algum tempo, de maneira paupérrima, descalços, com poucas vestimentas e se alimentando da caça, do peixe e da farinha que eram levados pelos índios.
Os jesuítas foram enviados ao Brasil com o intento principal de catequizar os índios (ensinar a religião cristã) e em segundo lugar para ensinar a gramática. Índios, mamelucos, brancos freqüentavam as classes das escolas dos jesuítas e as aulas ministradas em tupi que era a língua compreendida pela maioria. Os alunos provinham das aldeias e das vilas situadas nas proximidades e além de ensiná-los, Anchieta agia como um enfermeiro e até médico para todos, fabricando inclusive remédios, utilizando os seus conhecimentos adquiridos na Europa.
Para ensinar melhor aos seus alunos, que utilizavam o tupi como primeiro idioma, o padre José de Anchieta elaborou uma gramática denominada “A Arte de Gramática da Língua mais usada na Costa do Brasil”, e um dicionário de tupi, além de traduzir a essência da doutrina cristã.
O Pátio do Colégio, bem pertinho da Praça da Sé, na cidade de São Paulo, foi o local onde José de Anchieta e os outros jesuítas construíram o seu colégio. A casa e a igreja de taipa foram terminadas pelo padre Afonso Brás, mestre dos muros e da carpintaria, no mês de janeiro de 1556.
No ano de 1585, por ordem do padre visitador, chegou a São Paulo o padre Fernão Cardim para inspecionar o trabalho dos jesuítas e voltou satisfeito com os progressos alcançados tanto pela catequese e alfabetização dos índios, como pelo que viu com relação à melhoria nas construções dos jesuítas.
Os jesuítas foram expulsos de São Paulo no ano de 1610, ficando tudo relegado ao abandono. Em 1623 eles retornaram e alguns homens ricos que acharam importante o retorno dos jesuítas (João Pires, Garcia Rodrigues, Fernão Dias Paes Leme) se empenharam na recuperação do que foi abandonado e destruído.
Por tudo isso, os brasileiros consideram como data de nascimento da cidade de São Paulo o dia 25 de janeiro de 1554.