O PERIGO DE REPETIR O QUE OUVIMOS.
Lendo uma crônica, bem humorada, da Edina Bravo.
Me lembrei, de um episódio ocorrido em minha infância. Minha avó, convidou-me para ir com ela visitar sua amiga, que tinha acabado de voltar do hospital, onde havia sofrido uma pequena cirurgia.
Antes de sair de casa, recomendou-me: Leninha, não coma nada na casa de minha amiga, pois, ela não é muito asseada.
Lá fui eu de vestido de domingo, mão dada com minha avó, tomar a única condução, existente em nossa vila, um bondinho, que nos levaria até o endereço.
Depois de alguns minutos de conversa, que somente a elas interessavam, a dona da casa, perguntou-me se não gostaria de um pedaço de bolo. Ao que prontamente respondi: Não obrigada, minha avó pediu-me, para nada comer aqui, pois a senhora não é muito limpa.
Nem preciso escrever, que se instalou a maior saia justa. Não comigo. Em meus inocentes 7 anos, apenas repeti aquilo que ouvi de minha avó, mas, entre ela e sua amiga, o clima ficou pesado.
Foi, um Deus nos acuda, minha pobre avó, tentando explicar de outra maneira aquilo, que eu disse com todas as letras do alfabeto.
Também, nem é preciso contar, que ao chegar em casa, uma bela tunda me esperava, apanhei de chinelo, o bumbum ficou vermelho e dolorido por umas horas.
E minha avó, avisou-me, que de outra vez, que falasse besteira, iria além da sova, me colocar de castigo, por um mês sem brincar na rua.
Isso, para mim seria o caos, umas palmadas aguentava, agora sem brincar com as amigas nas ruas de chão de terra, lá da vila, era insuportável.
Ainda acrescentou: "onde já se viu REPETIR, o que eu te disse."
Depois disso passei, mesmo sem entender, a filtrar os avisos, e não repetí-los, da maneira que os ouvia.
Hoje, entendo bem. Que pena, perdi a ingenuidade !
Ouço, mas nem sempre repito, aquilo que ouvi. Para não correr o risco de entrar em uma enrascada.