GUISADO DE TATU II

Cumprindo promessa anterior, vamos ao guisado de tatu prometido pelo “Seu” Jorge, pai do meu amigo e compadre Geraldo Sampaio, das Alagoas.

O “Seu” Jorge veio de Arapiraca no sábado posterior ao seu telegrama e, com ele, trouxe um grande “Tatu-Bola” para fazer o tal guisado. Bateu logo cedo no apartamento do filho, na Praia de Piedade, Jaboatão dos Guararapes/PE, entrou com o bicho vivo dentro de um saco e foi direto para a área grande, depois da cozinha, onde sangrou e trinchou o animal, jogando os pedaços temperados num panelão de barro.

Enquanto a panela estava no fogo, Geraldão serviu na varanda o famoso “Ele e Ela” (caldo de feijão e pinga com limão) ao pai e seus convidados, entre eles o degas aqui. O papo rolou gostoso, “causos” enriqueceram a confraternização e o aperitivo só fez bulir com a fome e aumentou o apetite da galera. O “Seu” Jorge vinha da cozinha, tomava um golinho, ria com um “causo” contado por alguém da patota, aproveitava a deixa e contava um dele também, mas voltava pro fogão donde ninguém se aproximava, conforme as suas regras.

Lá pelas treze horas, guisado pronto, a turma vestiu seus trajes de banho, as mulheres saíram na frente com as crianças, esteiras e guarda-sóis, seguindo atrás o “Seu” Jorge, Geraldão, eu e o resto da cambada, levando a tralha de panelas, caixas de isopor com bebidas, pratos, talheres e tudo o mais necessário para o inusitado convescote à beira mar.

Estacionamos debaixo duns coqueiros, protegidos pelas sombras das suas palmeiras, arriamos o material e sentamo-nos fazendo um círculo grande, no qual o guisado de tatu foi servido a todos, sem cerimônia, pela “Santa Maria” e pelo “Seu” Jorge, enquanto a brisa do mar mexia com os nossos cabelos e acariciava nossas faces queimadas pelo sol. O guisado estava fenomenal e o “Seu” Jorge brilhou.

Lá pelas quatorze horas, de bucho cheio, felizes da vida, formamos o grupo dos machos para a conversa à toa de sempre, enquanto as mulheres foram dar um mergulho em companhia da gurizada.

Quando elas voltaram mais tarde já estávamos apagados, alguns até roncando mas todos, sem exceção, completamente entregues aos braços de Morfeu! ...

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B.Hte., 23/01/11

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 24/01/2011
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