O retorno aos velhos conceitos

De que valem as más experiências senão para nos fazer, mesmo que através da dor, grandes lições? E talvez a mais dura de todas as lições seja, em certa idade de amadurecimento, a quebra de certos conceitos que formamos durante a nosso despertar par a vida. Ou melhor, a reconstrução destes. Explico: considero o despertar para a vida a adolescência, ou seja, o momento de quebra de todos os paradigmas, métodos, conceitos e formação que temos. Esses últimos fragmentam-se em milhares de pedaços, aos quais nos servimos, indiscriminadamente e convenientemente. Muitas vezes forçamos o encaixe de certas peças, disfarçamos a falta de encaixe, colocamos peças verdes em cima de peças azuis e achamos agradável a mistura de cores. E qual a parte do amadurecimento à qual me refiro? Quando as responsabilidades começam a nos pegar pelos pés, e algumas obrigações nos começam a se mostrar como grilhões. Vemos, então, que certas peças, certas combinações de cores são disformes. Tal como um ébrio “curte” a embriaguez no momento em que o álcool age no cérebro, curtimos certas disformidades deste estado “despedaçado”. E a dor consiste em dar crédito ao Eclesiastes quando o mesmo diz: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade e perseguir vento”. E daí temos que reconstruir alguns conceitos inteiramente e também nos é permitido – oh, talvez para os otimistas, nem tudo são trevas – unirmos algumas peças que de tanto esfolarem-se, pois antes não se encaixavam, encaixam-se agora perfeitamente devido às inúmeras tentativas de conformação. Entretanto, quando conceitos que pretendemos anteriormente mudar mostram toda a sua forma e sua inércia, conceitos alicerçado em bases constituídas de essência humana sentimos dor. A dor de sermos fracos e impotentes frente a conceitos imutáveis, feios e vexatórios. A dor de sermos, irremediavelmente, humanos.

Laanardi
Enviado por Laanardi em 24/01/2011
Código do texto: T2749186
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