Futuro

Às vezes me pergunto por que será que as pessoas estão sempre em busca do futuro. Porque o futuro é sempre e tão aclamado como algo que uma vez chegado fará todo mundo feliz. É estranho não perceber que esse futuro inalcançável já é uma realidade. Na verdade “hoje” é futuro de ontem, e “hoje” é passado de amanhã. Porque não viver o agora considerando todas as conquistas alcançadas? Porque não se sentir feliz com o que se tem? Porque não se lembrar que tudo já foi muito pior, e que tanta coisa melhorou? É bem certo que isso não se aplica a todos, mas em todos os casos há regras, e para todas as regras há exceções. Mas pense bem em como o mundo evoluiu nos últimos cem anos. Pense no quanto a tecnologia avançou, no quanto a medicina e a ciência descobriu, quantas doenças foram erradicadas, quantas vacinas foram criadas. Pense no quanto a distância encurtou. Pense no quanto o planeta ficou pequeno. Do telex ao satélite, que salto gigante a humanidade deu. Do telefone à internet, como as pessoas estão se comunicando. Está tudo tão rápido, tão imediato, e mesmo assim parece que ainda não está bom: o sinal do celular está ruim, minha conexão está uma carroça... Que saudade da roça!!! Da roça que eu nunca morei. Da roça de pé no chão, de estradas de barro, de fogão à lenha, de banho à cavalo, de trem a vapor, de parto natural, a roça do meu avô.

Às vezes me pergunto por que se aclama tanto o futuro como se o tanto que avançamos tivesse deixado para trás um muro. Um muro alto sem porta e sem cor.

É preciso enxergar à frente, mas nunca ser indiferente com o depois de outrora que já chegou.

Natividade, 26/10/06

16:27h

Lael Santos

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 27/10/2006
Reeditado em 26/02/2015
Código do texto: T274911
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