APRENDI A DIZER NÃO, VER A MORTE SEM CHORAR.....

Frase da Música: DISPARADA

Letra de : GERALDO VANDRÉ

Música de : THEO DE BARROS

Final de semana de sol a pino, fomos para a praia, e nem a água do mar, que estava lindo, nem a da piscina, refrescavam. O mar, parecia uma grande bacia de salmora morna. E a piscina seguia igual, só que sem o sal.

Meu genro, foi até a varanda de nossa casa, e colocou música para escutarmos, enquanto tentávamos nos "refrescar" na piscina.

Emocionei-me ao ver a seleção linda de MPB, escolhida por ele e minha filha, para ouvirmos. Dentre tanta música boa e bonita, eis que surge a canção finalista do festival da Recorde de 1966, juntamente com "A Banda" de Chico Buarque de Holanda, ela disputou o primeiro lugar. E com emoção ouvi novamente "DISPARADA". Na grande interpretação de Jair Rodrigues.

Me deixei ficar em cima do colchão sobre a água, a ouvir com os ouvidos, mas escutando com o coração e a alma.

Tantas lembranças desse tempo dos festivais da Record, quando ficava na sala da casa de meus avós assistindo sem piscar, e torcendo por minhas canções e intérpretes favoritos.

Tempo bom ! Tempo especial foi aquele !

Os amigos do ginásio se dividiam na preferência, desse ou daquele compositor, cantor e canção.

Eu adorava Geraldo Vandré, achava-o figura marcante, inteligente, como também gostava de: Chico Buarque, Caetano Veloso , Tom Jobim, Elis Regina.

Me detive com atenção especial na letra de Disparada, e especialmente nessa frase: "APRENDI A DIZER NÃO, VER A MORTE SEM CHORAR".

E fiquei pensando que pessoa sábia, é a que aprende essas duas grandes e preciosas lições.

Dizer NÃO, é algo de difícil aprendizado até hoje para mim, venho tentando, mas confesso, que derrapo na hora de aplicar o não, em qualquer área de minha vida.

VER A MORTE SEM CHORAR, essa então, a nota para mim, até os dias de hoje, é ZERO.

Comecei cedo a perder corações muito amado para a morte, minha mãe se foi, eu tinha somente onze anos. Mas, continua muito complicado ainda na prática, "VER A MORTE SEM CHORAR".

E fiquei refletindo, que bela conquista, fez a pessoa, que conseguiu aprender a dizer NÃO, no momento preciso, para se preservar, e aquela que consegue, VER A MORTE SEM CHORAR, quando um grande amor lhe é tirado do convíviu.

Depois de amanhã dia 26 fará um mês, que minha especial amiga, minha cachorra KAUAI, se foi.

Muito generosa, ela esperou passar o dia de Natal. Foi-lhe permitido pelos anjos que zelam pelos animais, estar conosco, uma última vez nessa data.

E desde então, não houve um só dia que dela eu não me lembrasse, com uma saudade tão doída, que sinto fisicamente o coração doer. É comum, o choro copioso e manso, nascer das lembranças doces, e do amor que sinto por ela, e verter abundante pelas janelas da alma.

Sei que o luto vivido, quando perdemos nossos amigos de quatro patas, não é licenciado pela maioria das pessoas. Que somente permite vivê-lo quando se perde um ser humano. Mas, não me importo com isso, e sim com a dor funda que há dentro do meu peito, e o vazio que a presença carinhosa e amiga da Kauai deixou.

Magistral mesmo esses versos de Vandré, grande poeta, que mostra nessa composição, uma alma madura e sensível, que muito aprendeu com a vida, chegando ao ápice de saber a dizer Não e ver a Morte sem Chorar.

Foi bom o final de semana com sol, praia, piscina, família reunida, bom papo, e boa música.

Novamente, "Disparada" me tocou fundo, trazendo boas e especiais lembranças, de um tempo repleto de sonhos, ideais fortes.

Mas, principalmente esse trecho, onde Vandré, com sua mega sensibilidade, levou-me de maneira poética, a refletir sobre a conquista que é: Aprender a dizer não, e a ver a morte sem chorar.

Isso, sem dúvida, somente alcança , quem já tem um grau considerável de evolução.

Eu por ora, contínuo patinando, as vezes consigo dizer NÃO, sem traumas na consciência.

Agora, "VER A MORTE SEM CHORAR" ainda passa longe do meu ser.

Quem sabe um dia......

Lenapena
Enviado por Lenapena em 24/01/2011
Reeditado em 24/01/2011
Código do texto: T2749029