O REI E O BOBO DA CORTE
(Sócrates Di Lima)
Ao pobre palhaço que se acha vitorioso,
Jamais soube o que é uma vitória ou uma luta,
O banquete que oferece, o mendigo plebeu achará gostoso,
Pois, saboreará dessa coisa fajuta .
Disse o Rei ao palhaço, - não sabes o quanto me faz bem,
Realizado em todos os sentidos,
Um pobre diabo que a acha que alguma coisa tem,
Não é nada, um zero, que acha que é alguém.
Mas, venha cá, saiba, em nada do que dizes me afeta,
O que achas que vai me afetar,
Tu pobre diabo, vive do que resta,
Na tua imaginação, um passado que não vai voltar.
Achas que é vitorioso,
Rio da tua inútil soberba,
Não te preocupes, sei que és um desgostoso,
Do apedeuta e arrogante,tua vitória em taças de vinho eu bebo.
Sem maldades, valha-te da tua crença,
A vitória que achas que teve, de nada sei,
Para mim nem faz diferença,
E como Rei que sou, dá-me o banquete e ao mendigo darei.
Hoje eu tenho a certeza,
De que tu vives de alimento podre,
Da tal vitória que desconheço e não há nenhuma nobreza,
Saiba tu que como Rei, eu é quem tenho a alma nobre.
É meu súdito, tua guerra é teu flagelo,
Eu sou teu Rei e tu meu bobo da corte,
Rio das tuas palhaçadas alegra o povo do meu castelo,
Bebo vinho seco, me delicio na uva, sou a tua morte.
Então disse o mendigo plebeu,
Ele não tem mais sorte do que eu!
E eu concordei, - vá divirta-se plebeu, esse reinado é teu,
Tome esse mísero banquete que o pobre palhaço ofereceu;.
Quem oferece um banquete,
Tem que ter um banquete para oferecer,
Senão se torna um joguete,
Nas mãos da indiferença sem perceber.
Isto é uma crônica, quase um poema,
Realidade de outra vida sem esquema,
Que no meu reino fica ligado em antena,
O que me faz ver que meu sentimento é de pena.