O BATISMO E OS COMPROMISSOS CRISTÃOS
___Você aceita Jesus?. Questiona o Pastor Evangélico ao “irmão” pela primeira vez. Meio sem jeito, acanhado, revolvido em inúmeras dúvidas responde: ___Sim!. Advertido sobre a sua conduta à partir daquele instante, nada contesta. Retira-se com o coração carregado de esperanças e também de incompreensões. Faz o longo percurso que o separa de sua cara à pé. Reflexivo, percebe-se sentindo algo estranho dentro de si: um incomodo e desconhecido sentimento de vazio!
A resposta afirmativa saída de sua boca não poderia ser outra; a inquirição não dava margens à contestação e se tal ocorresse a polemica estaria estabelecida e o ambiente não comportava igual situação. Mas, refletia: ___Como aceitar algo que desconhecia a origem? Sempre ouviu falar desta criatura revolucionária e seus prodígios, mas como sempre inacessível, mantinha-se indiferente e sem a devida compreensão do alcance do poder de sua mensagem revolucionária! E agora, pedem-me para aceitá-lo sem ao menos apresentá-lo de maneira natural, igualitária e tão humana.
As águas do batismo vêm consagrar a alma de mais uma ovelha desgarrada do rebanho do Pastor e deste momento em diante, renascia simbolicamente uma nova criatura. Ao reter o fôlego imerso no lago experiência uma espécie de “morte” do Homem Velho; aquele apegado as coisas do mundo que trazia dentro de si, e totalmente coberto pela lâmina cristalina e gelada sente-se como que sepultado definitivamente e na fração de um segundo de um tempo inconsciente, faz-se ressurgir repentino, retornando a superfície, soltando o ar represado alguém que volta à vida ressuscitado, renovado em Espírito. Percebe humildemente a responsabilidade que abraçou como causa a ser defendida, seguida e testemunhada. Não pode retroceder, qualquer desvio, dúvida, é uma queda do degrau alcançado. A fé que dá os primeiros passos se fortalece, mas e as obras...? vê nisso os reais compromissos que tem à frente para com aquele que passou a compreender e que atende aos seus apelos na busca de consolo e alívio.
...o batismo representa um “divisor de águas” entre o comportamento do homem que os costumes e os hábitos passados construíram até então, daquele que se submetendo a esta prática conscientiza-se da necessidade de uma transformação interior, que o faça caminhar na senda do bem, produzindo interiormente um entusiasmo, uma satisfação que somente individualmente pode ser sentida, refletida e explicada.
Não consigo conceber a idéia do batismo católico em que algumas gotas de água possam limpar a inocente criatura do “pecado original”, efeito de uma causa incompreendida por ela. Adoto como postura válida, pois cada segmento religioso possui práticas, rituais, expressões de origens culturais e todas elas buscam os mesmos objetivos: a verdade existencial, a aproximação com as coisas divinas, desvendar a origem da vida, a transcendência espiritual; os meios para tal objetivo são questões subjetivas e ninguém (ciência, filosofia, religião) detém a verdade absoluta.
A imagem produzida pela simbologia da água que purifica enquanto também limpa é de um conteúdo poético-filosófico muito expressivo. Extraindo a essência que este ensinamento transmite pode-se, pela atuação da Fé, elemento profundamente fundamental, imaginar grandes modificações comportamentais.
“Levanta-te e não peques mais” – Na análise subjetiva representa o maior de todos os batismos. A partir do arrependimento verdadeiro, mobilizam-se forças interiores para o processo gradativo de reavaliação consciente das atitudes, enfim o renascimento de uma nova postura diante da vida.
O evangelho de Jesus é a água do novo batismo. Aquele que banha a nossa alma desorientada e reconforta com a única proposta viável através dos caminhos da transformação interior. Submersos de corpo e alma neste mar de conhecimentos, submissos às orientações e disciplinados à retidão, todo retorno à superfície da vida resignificada estará nossa visão, pois a forma de olhar o mundo não será mais a mesma!