Jana era elegante, rica, sonhadora e fútil. Conheceu Roberto, bonito, musculoso, olhos azuis, “bem dotado” – o que soube logo depois - e mais duro do que pau de dar em doido. Tinha, no entanto, um talento para conquistar moçoilas sonhadoras. Não foi difícil enredar Jana na sua teia.
Alguns meses depois se casaram e foram mo-rar numa cobertura de frente pro mar, na mais bela praia do Rio de Janeiro, presente de casa-mento do pai de Jana.
Não era difícil viver com ela, mas é claro que ele estava mais interessado no dinheiro dela do que no amor.
Os anos se passaram e eles iam levando uma vida prazerosa e confortável.
No último domingo Jana recebeu um telefo-nema de sua prima dizendo que sua tia e madrinha iria a São Paulo por uma semana e que gostaria muito de poder vê-la.
Ela, que adorava essa tia, disse a Roberto que iria ver a tia, mas que ele não ficasse triste porque ela ia num dia e voltava no outro. Não podia levá-lo porque ele trabalhava na fábrica do sogro, que era um patrão muito exigente.
Jana arrumou sua pequena mala, deu um beijo em Roberto e partiu, não sem antes verificar a hora e o voo em que a tia vinha. Queria fazer-lhe uma surpresa e esperá-la no aeroporto.
Quando lá chegou, soube que o avião havia tido um problema e voltado para Miami, de onde partira.
Ficou decepcionada, pegou o primeiro voo e voltou para os braços sempre ternos do mari-do.
Quando chegou, embora já fosse noite, a casa estava toda apagada.
Foi direto ao seu quarto e lá encontrou Rober-to com a Jucicleide, sua empregada, uma mulata boazuda que sempre se disse “crente”.
Jana, furiosa, disse: vista-se e saia da minha casa imediatamente.
A empregada, mais do que depressa, catou suas roupas e já ia saindo quando Jana lhe disse: você fica. A ordem que eu dei foi para ele. Afinal você é uma boa empregada, o que é difícil de encontrar hoje em dia, enquanto que marido safado eu encontro em qualquer esquina.
No dia seguinte Jana pediu ao pai para demiti-lo.
Agora ele vive num quartinho no fundo de uma oficina, onde faz alguns biscates até encontrar outra romântica que escolha um homem só pelos músculos, pela boa aparência e por ser “bem dotado”.
Sempre ouvi dizer que o homem ideal para ser marido é aquele com quem se possa con-versar por toda a vida.
Talvez esse não fosse o caso de Jana, moça sem grandes conteúdos, que valorizava só a aparência.