O LADO DA BELEZA

 
 
Ao lado da beleza do Rio vejo tantas coisas erradas, coisas de efeito danoso sob vários aspectos. Um “sem teto” vai procurar um lugar, mas não constrói e conquista “seu lugar”, nem pensa e nem sonha. Vai fuçando feito rato onde ainda tem um espaço vazio para poder ocupar.
Tenta todos os lados e desce e sobe. Lá no alto de um morro, depois dos favelados, depois onde ainda tem mato, ele acha que encontrou um lugar não ocupado, e ali faz uma casa de papelão, com as próprias mãos. Ele puxa fios, tubos, e consegue uma torneira com água e uma TV numa tomada funcionando.
Lá fora é o mato, o esgoto e a lixeira. Fica ali, feito um rato.

Nem vê que lá fora, se olhar para longe, ele vê a Pedra da Gávea e a linha azul do mar no horizonte.

 
Volto pra mim mesma e também não vejo beleza.
Tudo que parecia bom, realizador e comemorativo, no compasso da vida de dias surpreendentes, coisas e gentes vão mudando à volta.
 
                                       O que era bom...
                                       O que era belo...
                                       O que era paz...
                                       Nem estou na Serra,

                                       Mas sinto desmoronamentos