PORQUE ESCOLHI O MAGISTÉRIO

Jamais alcançaremos o horizonte; mas se deixarmos

de crê nessa utopia,deixaremos de caminhar

Chandelli.

Sou professor por causa dos meus professores. Entre os meus heróis prediletos estavam: He-Man, Hulk, Magayver, As Panteras, A Dama de Ouro, A mulher Biônica e o Homem de Seis Milhões de Dólares. Mas nenhum destes – e nem todos juntos – conseguiu me influenciar tanto quanto D. Santa, Lucelita, D. Rosa, Creusa, Carmelita, Pedro Portela, Reverendo Silas, Conceição Bezerra, Cléia, Iris Melo, Lucita, Marinalva, Hidalina, Raimundo, Isaura, Áurea e Joina Bonfim, entre outros.

Na minha forma de interpretar o mundo na época, as diferenças entre os meus heróis da tv e os da sala de aula eram poucas, mas a relevância, incomparável. O que mais me impressionou nestes comparados àqueles foi o fato de, além de estarem tão próximos a ponto d’eu poder tocá-los, serem tão reais quanto eu.

Eu me divertia muito com meus heróis da tv, e até me emocionava; mas, no fim de tudo, acabava sempre com uma sensação frustrante por saber que jamais alguém de carne e osso, como eu, poderia realizar tanto. O fato dos meus heróis da sala de aula serem tão reais e humanos quanto eu, fez a grande diferença.

Essa rapaziada boa me ajudou (e como!) a ser mais que simplesmente um técnico a mais. Foram o comprometimento quase farisaico e a paixão platônica dessa turma em tudo o que fazia que me induziram a me aventurar pelas veredas íngremes e empolgantes do Magistério.

A ideia de que o embrião de toda grande realização nada mais é do que uma utopia e de que esta é o combustível que move os grandes empreendimentos me veio à mente pela primeira vez quando adentrei a sala de aula do Magistério do colégio Aluísio Azevedo e me vi diante de profissionais tão entusiasmados que parecia que nada era capaz de demovê-los de suas convicções (e não era só aparência não). Aí eu me encontrei! E olha que eu ainda cheguei a assisti aulas numa das turmas de Educação Geral!

Aqueles adoráveis malucos me transmitiram uma concepção tão forte de que é possível mudar o mundo que, a partir de então, pra mim, o céu passou a ser o limite.

Não quero, com esta afirmação, dizer que me tornei um gênio ou que tudo que almejo consigo. O que pretendo deixar claro, no entanto, é que meus professores me ensinaram a crê que nenhum obstáculo é demasiadamente grande que não possa ser transposto; nenhuma distância, demasiadamente longa que não possa ser atingida e nenhum sonho é demasiadamente utópico que não possa ser concretizado quando há predisposição para continuar sonhando e determinação para lutar pelo ideal sonhado.

É impossível precisar quanto tempo e quantas lutas serão ainda necessários para que’u veja e viva a escola e a sociedade que sonho desde minha infância. Entretanto, no dia em que eu deixar [se deixar] de crê nessa possibilidade, não fará mais sentido pra mim o exercício da docência.

Sem desafios, não há sonhos; sem sonhos, não há motivação; sem motivação, qualquer empresa humana não passa de ações mecanizadas impulsionadas por vaidades exteriores imersas em caricaturas de satisfação.

Sou professor porque acredito.

Sou professor porque acredito em meus professores;

Sou professor porque acredito em meus alunos;

Sou professor porque acredito nos demais professores;

Sou professor porque acredito nos livros e em toda forma de conhecimento;

Sou professor porque acredito na Escola;

Sou professor porque acredito na Família;

Sou professor porque acredito no Estado e em seus governantes.

Sou professor porque acredito

Sou professor porque acredito em todas as instituições legalmente constituídas;

Sou professor porque acredito na ciência, na fé, na moral, nos valores éticos e políticos;

Sou professor porque acredito na política e nos políticos.

Sou professor porque acredito.

Sou professor porque acredito na mudança, no futuro, na esperança;

Sou professor porque acredito na sociedade a qual ajudo constituir;

Sou professor porque acredito em meu próximo;

Sou professor porque acredito em meu povo;

Sou professor porque acredito em meu país.

Sou professor porque acredito

Sou professor porque acredito no ser humano;

Sou professor porque acredito em Deus e acredito que o ser humano é um projeto Seu e, por isso, não pode, jamais, ser considerado um caso perdido.

Sou professor porque acredito.