DE QUEM SERÁ A CULPA.
Chagaspires
Hoje pela manhã saí de automóvel para resolver alguns problemas pendentes.
O dia havia amanhecido chuvoso e logo as ruas se encheram de água causando transtorno para todos.
Como sempre a Prefeitura só tenta desentupir as galerias quando começa o período das chuvas.
Com o trânsito lento pude observar mais amiúde as pessoas que andavam pelas calçadas.
Muitas encharcadas pelo aguaceiro; outras com guarda-chuva de cores variadas que enfeitavam as ruas molhadas.
Ao chegar à frente da Tamarineira, um antigo hospital que fica na Av. Rosa e Silva, e que empresta o nome ao bairro por onde passava naquele momento; percebi uma figura totalmente alheia a chuva que caia.
De aspecto asqueroso e com seus andrajos impregnados de sujeira, o homem caminhava de maneira disforme por sobre a calçada.
Vendo aquele espectro de gente, meu coração se entristeceu forçando as lágrimas que desceram pelo rosto abaixo.
De imediato elevei o pensamento a DEUS e pedia que socorresse aquela criatura, quando de repente ele parou numa poça d’água que se formara na calçada; abaixou-se, lavou as mãos e logo em seguida a boca que estava coberta por espeça barba. Ai foi que a dó aumentou.
Pensei comigo mesmo como as pessoas que se dizem racionais podiam permitir que um semelhante atingisse a um estágio de demência tamanha sem que houvesse uma providência.
Logo o trânsito ficou liberado e tive que prosseguir minha jornada.
Aquela visão decadente ficou para trás e nada pude fazer para ajudá-lo.
Na minha impotência segui pelo caminho rumo à resolução dos problemas e fiquei a pensar: De quem será a culpa?
Do governo; das instituições; ou do povo em geral.
Confesso que não obtive uma resposta e segui meu caminho com o semblante taciturno.