A HISTÓRIA DO BANHO

*** Cascão é personagem de HQ criado por Maurício de Sousa, em 1961. Foi inspirado num menino que Maurício conheceu em Mogi das Cruzes, que tinha esse apelido por ser muito sujo. Sua principal característica é nunca ter tomado banho na vida. Na Turma da Mônica Jovem, em que os personagens são adolescentes, Cascão toma banho, mas não demonstra ser feliz por isso. ***

Segundo a Historiografia, os primeiros registros do ato de se banhar ocorreram entre os egípcios e representavam um ritual sagrado de tomar três banhos por dia. Acreditavam que a água purificava a alma. Embora o motivo do banho não fosse a higiene, os arqueólogos acreditam que esse hábito livrou os egípcios das doenças que assolaram a Antiguidade. Na Grécia os banhos também tiveram relevância. Mas não eram motivados pela higiene ou espiritualidade e, sim, pelo esporte, especialmente a natação. Os romanos herdaram dos gregos, entre outras coisas, o gosto pelo banho. E passaram a construir balneários nos territórios conquistados. O banho público tinha cunho religioso: era um ato de adoração à deusa Minerva. Boêmios, prostitutas, imperadores, filósofos, políticos, velhos e crianças, todos se banhavam nús, no mesmo espaço, sem constrangimento. Os banhos públicos foram proibidos pelo cristianismo, que pregava a castidade.

Na Idade Média, tomar banho de corpo inteiro passou a ser visto como um ato de luxúria. Bastava lavar as mãos e o rosto e tomar um banho por ano. Com uma peculiaridade anti-higiênica: a família toda se banhava na mesma água! E, então, dá-lhe perfume para amenizar o mau cheiro! A falta de higiene provocou epidemias devastadoras, como a peste que matou cerca de 200 milhões de pessoas ao longo da Idade Média. Foi só durante as Cruzadas que os europeus redescobriram as delícias do banho. Porque no Oriente, fora dos domínios da Igreja, os banhos públicos foram mantidos. Isso resultou na reabertura de alguns banhos públicos na Europa medieval.

No final da Idade Média, a Igreja voltou a proibir os banhos no Ocidente. Os cristãos diziam que a água dilatava os poros da pele, abrindo caminho para as doenças. E enquanto Portugal e Espanha descobriam, na América, populações que amavam tomar banho, os europeus voltavam para o mundo da sujeira.

No século 18, finalmente, se provou que as doenças se originavam não do banho, mas da falta dele. Mas, com a "cabeça feita" pelas idéias religiosas, muitos não aceitaram a idéia. Os médicos tinham que banhar os doentes à força. Alguns, tendo de enfrentar a experiência do primeiro banho, demonstravam verdadeiro terror, gritavam e tentavam escapar da água fria. Os banhos se tornaram aceitáveis só por volta dos anos 1930, embora não fossem muito freqüentes (eram tomados aos sábados).

Quando chegaram ao Brasil, os portugueses se assustaram com a limpeza dos índios, que mergulhavam nos rios e no mar até 12 vezes ao dia. Mas, notando que eles eram mais saudáveis que os europeus, acabaram cedendo aos hábitos dos nativos brasileiros. Quem opôs mais resistência foram os membros da Corte, pois estavam acostumados a passar meses sem sequer mudar de camisa.

Sem rede encanada, o rio se tornou indispensável para lavar roupas, louças e o corpo. Quando a família real portuguesa chegou ao Brasil, em 1808, fez do Rio de Janeiro o primeiro município a contar com água encanada no país.

Giustina
Enviado por Giustina em 21/01/2011
Reeditado em 24/02/2014
Código do texto: T2743101
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