TROPAS E TROPEIROS
"Assim como o sertanejo o tropeiro também é um forte".
Pelo tilintar dos cincerros, sabemos que a tropa se aproxima. Após sete dias eis que ela volta de Mariana, onde fora levar a cachaça produzida em nosso município. Foram quatro dias para ir e três para voltar. Cada burro levando 80 litros, ou seja, dois pipotes de 40 litros. Passaram pela região de Cunhas, Piedade, Córrego do Peixe, Lavrado, Pinheiros Altos, Mainarte, Pe. Viegas (antigo Sumidouro) e finalmente Mariana. Geralmente os tropeiros "arranchavam" em Pinheiros Altos e Mainarte,antes de chegarem a Mariana.
A madrinha é o animal que vai à frente da tropa, toda enfeitada com tiras de pano vermelho sobre a cangalha e pendurados ao pescoço são colocados os cincerros, sininhos presos ao peitoral de couro que balançavam quando a madrinha andava, produzindo um som característico (tilintavam), marcando os passos cansados dos animais.
Toda a mercadoria era colocada dentro de umas bolsas de couro crú, que depois de amarradas eram penduradas cada uma de um lado da cangalha. As alças prendiam as bolsas à cangalha.
Os tropeiros saiam bem cedo com a tropa. Os burros vindos do pasto eram colocados no terreiro, um ao lado do outro e cada um recebia uma ração de milho. Tropa arreada, mercadoria na cangalha, pé na estrada...
A tropa geralmente era composta de dez a doze animais que formavam o lote, uma era a madrinha e os outros transportavam a carga.
O tropeiro era uma figura colonial típica. Em Mariana e Ouro Preto, no século XIX, o transporte regional era feito exclusivamente através das tropas. Quase todas as tropas existentes em Calambau levavam mercadorias para Mariana nesta época. Muito tempo depois as nossas tropas passaram a levar também as mercadorias para Mercês, mais precisamente a partir de l.914, com a inauguração da Estrada de Ferro, ramal Piranga. Mercês de acordo com o historiador José Geraldo Heleno, recebia por dia 40 a 50 tropas, perfazendo mais ou menos quinhentos animais de carga todo o dia.
Quase todas as fazendas antigas em nosso município possuíam as suas tropas. Eis algumas: Fazenda Água Limpa, com os tropeiros Joaquim, Sebastião e Dino Fernandes ( todos irmãos) e mais o tropeiro José Placides. A fazenda Seringa com os tropeiros Zé Carneiro, Divino e Geraldino Lucas. Umas das últimas tropas foi a do Geraldino de Souza Lima, mais conhecido como Geraldino da Iva que teve como auxiliares os tropeiros Ninico, Zezé, Onofre Vicente e outros. Na tropa do Geraldino a madrinha tinha o nome Mulata, alguns dos outros burros eram: Penacho, Paraíso, Diamantino, Pavão e Palanque.
Quando a tropa chegava ao seu destino, os burros eram lavados para ser tirado o suor de seus lombos. Recebiam mais milho e eram soltos para o pasto. Nesta ocasião os burros se espojavam: deitavam de costas e viravam de um lado para o outro. Era uma maneira de secarem as costas. Nesta altura um dos ajudantes já havia "fincado a trempe" e em um gancho da mesma já estava pendurado o caldeirão de ferro com a água fervendo para coar o café. Para o jantar algumas vezes eles já traziam o feijão cozido. Era só colocar o torresmo e a farinha junto ao mesmo, esquentar e já estava pronto o feijão tropeiro. O arroz era feito em outro caldeirão. Antes da refeição todos tomavam um gole da cachaça que transportavam. Todos os apetrechos, inclusive os mantimentos para a comida iam transportados pela "madrinha" em dois caixotes ou balaios, cobertos por um grande couro, que, à noite serviria de cama. Esta é uma pequena história de nossas tropas e tropeiros e hoje revivemos esta tradição com uma tropa transportando a cachaça dos alambiques até este Parque de Exposições.
Nesta festa vamos brindar àqueles tropeiros que foram os pioneiros do transporte em nossa terra!
"Assim como o sertanejo o tropeiro também é um forte".
Pelo tilintar dos cincerros, sabemos que a tropa se aproxima. Após sete dias eis que ela volta de Mariana, onde fora levar a cachaça produzida em nosso município. Foram quatro dias para ir e três para voltar. Cada burro levando 80 litros, ou seja, dois pipotes de 40 litros. Passaram pela região de Cunhas, Piedade, Córrego do Peixe, Lavrado, Pinheiros Altos, Mainarte, Pe. Viegas (antigo Sumidouro) e finalmente Mariana. Geralmente os tropeiros "arranchavam" em Pinheiros Altos e Mainarte,antes de chegarem a Mariana.
A madrinha é o animal que vai à frente da tropa, toda enfeitada com tiras de pano vermelho sobre a cangalha e pendurados ao pescoço são colocados os cincerros, sininhos presos ao peitoral de couro que balançavam quando a madrinha andava, produzindo um som característico (tilintavam), marcando os passos cansados dos animais.
Toda a mercadoria era colocada dentro de umas bolsas de couro crú, que depois de amarradas eram penduradas cada uma de um lado da cangalha. As alças prendiam as bolsas à cangalha.
Os tropeiros saiam bem cedo com a tropa. Os burros vindos do pasto eram colocados no terreiro, um ao lado do outro e cada um recebia uma ração de milho. Tropa arreada, mercadoria na cangalha, pé na estrada...
A tropa geralmente era composta de dez a doze animais que formavam o lote, uma era a madrinha e os outros transportavam a carga.
O tropeiro era uma figura colonial típica. Em Mariana e Ouro Preto, no século XIX, o transporte regional era feito exclusivamente através das tropas. Quase todas as tropas existentes em Calambau levavam mercadorias para Mariana nesta época. Muito tempo depois as nossas tropas passaram a levar também as mercadorias para Mercês, mais precisamente a partir de l.914, com a inauguração da Estrada de Ferro, ramal Piranga. Mercês de acordo com o historiador José Geraldo Heleno, recebia por dia 40 a 50 tropas, perfazendo mais ou menos quinhentos animais de carga todo o dia.
Quase todas as fazendas antigas em nosso município possuíam as suas tropas. Eis algumas: Fazenda Água Limpa, com os tropeiros Joaquim, Sebastião e Dino Fernandes ( todos irmãos) e mais o tropeiro José Placides. A fazenda Seringa com os tropeiros Zé Carneiro, Divino e Geraldino Lucas. Umas das últimas tropas foi a do Geraldino de Souza Lima, mais conhecido como Geraldino da Iva que teve como auxiliares os tropeiros Ninico, Zezé, Onofre Vicente e outros. Na tropa do Geraldino a madrinha tinha o nome Mulata, alguns dos outros burros eram: Penacho, Paraíso, Diamantino, Pavão e Palanque.
Quando a tropa chegava ao seu destino, os burros eram lavados para ser tirado o suor de seus lombos. Recebiam mais milho e eram soltos para o pasto. Nesta ocasião os burros se espojavam: deitavam de costas e viravam de um lado para o outro. Era uma maneira de secarem as costas. Nesta altura um dos ajudantes já havia "fincado a trempe" e em um gancho da mesma já estava pendurado o caldeirão de ferro com a água fervendo para coar o café. Para o jantar algumas vezes eles já traziam o feijão cozido. Era só colocar o torresmo e a farinha junto ao mesmo, esquentar e já estava pronto o feijão tropeiro. O arroz era feito em outro caldeirão. Antes da refeição todos tomavam um gole da cachaça que transportavam. Todos os apetrechos, inclusive os mantimentos para a comida iam transportados pela "madrinha" em dois caixotes ou balaios, cobertos por um grande couro, que, à noite serviria de cama. Esta é uma pequena história de nossas tropas e tropeiros e hoje revivemos esta tradição com uma tropa transportando a cachaça dos alambiques até este Parque de Exposições.
Nesta festa vamos brindar àqueles tropeiros que foram os pioneiros do transporte em nossa terra!