EPITÁFIO

Em visita a cemitérios ou salões de jazigos de igrejas, vemos com assiduidade, as declarações de amor eterno (nem sempre sinceras) dos familiares e amigos do falecido, cujas virtudes são superestimadas e os defeitos esquecidos.

Na antiguidade, quando predominava o analfabetismo, as virtudes ou maldades do “de cujos” eram apregoadas pelos menestréis nas cantigas de Amor, de Amigo ou de Escárnio (ou mal dizer), que o digam Dom Duarte ou Dom Diniz.

Hoje não temos mais os menestréis e, felizmente, o grosso da população está alfabetizada. Por isso podemos gravar na pedra ou no bronze, tudo o que quisermos dizer sobre o morto.

Surgem as perguntas:

- será que o que está ali escrito é do agrado do defunto?

- será que ele, o morto, se pudesse, não alteraria aquelas redações bombásticas realçadas por flores e arabescos?

Lanço então o desafio aos confrades recantistas:

Qual o epitáfio que você gostaria de ter?

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Pensando bem, por todo tempo que eu perdi brigando com minha má educação alimentar, acho que meu epitáfio deve ser:

AQUI ALBERTO, ENFIM MAGRO.