IMAGEM TRISTE, NÃO?

É triste contemplar famílias destruídas, desabrigadas, desorientadas, famintas, com frio; pessoas cujo semblante transmite uma mensagem que atende pelo nome: DOR. Pessoas que perplexas, em estado de choque olham à sua volta e vêem uma cena de terror inimaginável. Animais que por puro instinto permanecem guardando a casa ou resto do que ficou de pé; resto do que pertencia a seus donos . Quantas vidas ceifadas, dilaceradas! Rostos sem expressão, alheios, em estado de choque parecendo não acreditar nos acontecimentos dos últimos dias. Gente que em poucas horas pode contemplar o desabamento de toda uma estrutura estável, coerente com sua realidade, seu dia-a-dia.

É triste perceber que ainda existe gente que abre sua boca apenas para qualificar o desastre como conseqüência do ‘povão’ que invade, faz inchar e incomodar à cidade grande. Quando na verdade, percebemos pelos meios televisivos que o desastre não aconteceu por causa das classes A,B, C ou D.Ser povão não teve nada a ver com isso. O desastre não poupou grande, nem pequeno; rico e nem pobre. Todos foram jogados dentro da panela e sacudidos sem piedade. Pobre perdeu tudo. É. Aquele que batalhou pra comprar; que pagou à prestação ou comprou na loja de usados, ou então tinha apenas pedaços de papelão ou maderit; alguns perderam os cacarecos que tinha. Perderam coisas que para muitos não serviam pra nada, mas para os miseráveis essas coisas tinha valor. Rico ou remediado perdeu tudo. De repente, encontravam-se igual ou pior que o mendigo que encontrava no caminho todas as vezes que passava com seu carrão debaixo do viaduto. Num estalo, viram sonhos de uma vida ser levados por água abaixo.

É triste perceber que no meio de tanta dor, penúria e destruição há pessoas que se aproveitam para enriquecer, tirar proveito, roubar, saquear, molestar, violentar... A lista da imundícia é grande, e diante dos acontecimentos, pergunto: ‘Essas pessoas pertencem à raça humana?’ Porque até mesmo os animais , na maioria das vezes, revelam graus de sensibilidade diante da dor de outros animais feridos e fragilizados.Enquanto muitos de nossa raça, envergonham o nome que levam, demonstrando um embrutecimento tal que nem mesmo no meio de um ambiente fechado como os que estão por detrás das grades e encontrado. Certas atitudes são rejeitadas e tolhidas. Se tiver dúvida, visite uma penitenciária, converse com alguns detentos. Busque da boca de muitos que derramaram sangue, cometeram delitos e que por isso estão ali. Pergunte: ‘Que pensam vocês a respeito dos que estão agindo dessa maneira?’ Eles, na sua maioria dirão: ‘São uns pilantras e devem morrer’.

Pertencemos a um grupo cujo bem estar e sobrevivência dependem do fato de pertencer a uma sociedade. Somos seres que se completam estando em grupo. Nesse compartilhar aprendemos, crescemos e adquirimos tudo que está presente na sociedade moderna. Todo isso não surgiu do nada, mas veio dos nossos antepassados e temos por obrigação zelar por isso. Ser cidadão é mais do que levantar um lema, abraçar um ideal, mas sim, olhar ao nosso redor e reconhecer minha responsabilidade diante do próximo. Se meu próximo está bem, eu também estou; mas se ele está sofrendo, eu posso compartilhar, dividir, confortar, interceder, cuidar, e assim, amenizando sua dor estarei alcançando gerações futuras.Posso não ter meu nome escrito nos livros de História, nem contemplar minha imagem ou meus feitos nos meios de comunicação, porém tudo que eu fizer estará registrado na memória do Criador.

Ione Sak
Enviado por Ione Sak em 19/01/2011
Código do texto: T2739050
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