Mutações dos Seres Vivos.

Todos nós já ouvimos falar em mutações, que estão relacionadas com os genomas das espécies vivas, de forma que a evolução da humanidade sofre esse tipo de mutação, eis que de eras em eras, o passar do tempo ocasiona metamorfose na forma que as coisas se apresentavam no passado, considerando que os seres vivos - de algo grotesco sobre o ponto de vista estético - vão mudando suas características originais. Exemplo disso é a própria característica do ser humano que teve alteração significativa desde os homens das cavernas.

Entretanto, a proposta aqui verificada não é falar sobre esse tipo de mutação, até porque não sou versado nessa questão de cromossomos, ou em estrutura molecular do DNA e outras questões que são mais científicas do que especulativas. O propósito é falar de mutações espontâneas e apregoadas com o cotidiano que presentes estão em todos instantes, mas, não percebemos em razão do nosso condicionamento ao mundo progressista.

Falo da mutação objetiva e persistente, que se materializa por fenômenos que estão à nossa volta, através da visão das coisas, pelo comportamento de nossos semelhantes, pela necessidade de se modificar as relações cotidianas, para que tudo se transforme em alento para continuarmos buscando o esplendor de se viver. Quem muito observa, acaba se surpreendendo com seu próprio gesto, haja vista que nem sempre estamos dispostos a olhar com “olhos de lince” para o nosso universo particular, já que muitas vezes massificamos nossa vida com condutas repetitivas e automáticas que nos fazem escravos do estado robótico, considerando que a pressa nos leva a agir por impulso.

Assim, imperativo que se observe a simplicidade das coisas. Ou melhor, é preciso enxergar não só com os olhos, mas com o coração. Se isso ocorrer até no momento de ir trabalhar visualizamos surpresas, pois, quando olhamos para o relógio para ver se estamos atrasados, observamos que estamos correndo para cumprir uma rotina, não ligando para o fato de estarmos robotizados pelas horas, que acabam nos tornando um vagão e não uma locomotiva. Nossa função é puxar o trem e não ser puxado por ele, já que ao invés de buscar a vastidão de nossas reflexões diante de minha realidade diária, viajo com as nuvens, em pensamentos dispersivos e não vou em frente, por que estou envolvido numa viagem quase fictícia. Entretanto, quando me ocupo de cumprir um itinerário menos sistemático, encontro-me com a incursão do pensamento para produzir coisas grandiosas, na espreita de coisas palpáveis e finitas que me rodeiam.

Partindo da premissa da atenção e do raciocínio, acabamos vendo a unidade da árvore rodeada de muitas outras, mas que jamais foi notada, por se tratar de algo diferente, mesmo diante da harmonia que gera em seu redor. O fato é que há algo estranho na constituição daquele árvore, pois, ela tem cor diferenciada e está se digladiando com as demais árvores na busca do seu espaço. A mata lhe atribui uma função de ser apenas uma partícula. Ela se estreita no seu espaço físico, pois, alguns arbustos mais entoados e mais robustos lhe retiram o espaço aéreo que lhe poderia ser útil. Mas, ela não desiste continua crescendo em partes, apenas onde lhe é possível. Ela saiu da rotina para procurar espaços que lhe possam ancorar numa linha de subsistência.

Essas mutações existenciais estão impregnadas em nossa vida. Andando de bicicleta, num local de desníveis acentuados no trajeto, enfrentamos inúmeras alternativas, pois, ora estamos pelando com absoluta facilidade, sem esforço físico, noutro instante, somos obrigados a empregar toda nossa força para vencer uma ribanceira. Assim é a vida, somos obrigados a estar atentos aos trechos mais íngremes para atravessá-los com sabedoria e com esforço.

Os próprios problemas que ressurgem de nossas relações pessoais, são diversos, extensos e dispendiosos. Curiosamente, resolvendo-os ou não, acabamos encontrando elementos de persuasão que se integram na nossa introspecção e que se juntam com nosso lado prático para construir uma passagem satisfatória, mas, tudo depende de como os administramos, já que a exigência de resultados oscila de pessoa para pessoa. Eu, particularmente, para me convencer da luta em ultrapassar algum obstáculo, penso em dificuldades maiores que passam outros semelhantes e consigo ver que meu calvário não é tão árduo quanto penso. Nesse contexto, caso haja necessidade de mutação dos meus princípios, recorro aos bancos de dados existentes nas pessoas mais sábias, já que elas, por terem mais experiência, sabem os atalhos.

Os seres humanos precisam de recomeço. A própria tragédia vivenciada no Rio de Janeiro enseja nas pessoas uma sensação de esperança, porque todas desejam reconstruir suas vidas. O próprio calendário anual nos mostra essa necessidade de mutação, já que a cada trezentos e sessenta e cinco dias, temos a oportunidade de renovar nossas energias para que possamos dar alento ao viver. Talvez, essa seja a explicação para as questões Universais lapidadas pelo Ser Supremo, fazendo que aja renovação das raças e das dinastias familiares, através do perecimento das gerações mais velhas.

Concluindo. Nós os seres vivos somos eterna mutação. Senão, pela modificação visual de nossa matéria, pela certeza de que as alterações do sistema de vida irão contribuir para que a espécie viva se transforme e evolua para lago grandioso e que corresponda com a espiritualidade conceituada e cheia de luz.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 19/01/2011
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