FUTILIDADES AO CELULAR

Sejam sinceros comigo. Será que estou sendo muito rabugento?

Uma coisa que anda me incomodando demais, é a banalização do uso dos celulares dentro dos coletivos. Ainda mais depois de algumas promoções que as operadoras fizeram que possibilita o indivíduo ligar para Deus e o mundo. Se bem que Deus não perderia seu tempo com tanta futilidade.

Para alguém (rabugento vai, eu admito) como eu que gosta de viajar olhando a paisagem (se é que podemos chamar assim as ruas de São Paulo) enquanto medita, ter uma pessoa ao lado tagarelando ao celular, tira a concentração até de um monge.

Um desses dias, uma senhora resolveu ligar para sua filha (detalhe, sua voz era alta e estridente), para elaborar o cardápio do jantar. E através dessa simples ligação, eu e alguma quase centena de passageiros, ficamos sabendo tudo que havia na geladeira daquela gralha.

Outro dia, uma moça com seus dezoito anos, dizia para sua amiga (do outro lado da linha, claro), que ela já estava prestes a se entregar ao rapaz que já era comprometido, a fim de tirá-lo da outra.

Ontem, um rapaz ao celular, tratava de suas pendências profissionais, ali dentro do ônibus, já há mais de quarenta minutos, como se estivesse em um escritório. E a pessoa do outro lado da linha (como era nextel, dava para ouvir os dois lados), ao perguntar se ele poderia selecionar mulheres para preencherem as vagas em aberto, o indivíduo que era machista até a medula me solta essa:

— Deus me livre trabalhar com mulher, você não pode gritar, sair na mão. É horrível!

Nessa hora senti vontade de rir ao presenciar as expressões de indignação das mulheres ao meu lado.

E agora como se já não bastasse, os aparelhos celulares passaram a serem utilizados como aparelhos sonoros e todas as manhãs me sinto meditando em um baile funk e não em um coletivo.

Sérgio A Silva
Enviado por Sérgio A Silva em 19/01/2011
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