Um dia na frente da TV

Engraçado, escrever para alguns deve ser como andar de bicicleta de dezoito marchas. Para mim é algo como decifrar o Código de Hamurábi: quanto mais leio e escuto, mais enrolado escrevo.

Estou engasgado com essa história de "Presidenta". A palavra não me soa bem, não me parece adequada à envergadura do cargo. Acho que fica faltando alguma coisinha que não sei exatamente o que é.

No dia da posse fiquei de ouvidos e olhos bem abertos diante da televisão para ver e sentir, junto com os meus botões, como seria tratada a questão. Logo no início do discurso, a Excelentíssima senhora Dilma Rousseff disse que era a primeira vez no Brasil, que uma mulher assumia o cargo de "Presidenta". Independentemente se está correto o ou não, acho que é assim que ela quer ser tratada. Confesso que fiquei emocionado, dado a importância que as mulheres ocupam em minha vida, em meus passos e até nas minhas decisões.

Passado o primeiro susto e, já quase acostumando com a palavra Presidenta, só me restava esperar para ver como seria o seu governo. Na minha percepção a era “paz e amor” que tanto pregava o ex-presidente Lula, chegou ao fim.

A solenidade foi realmente emocionante. Todos os passos foram ensaiados milimetricamente, até que a Presidenta deixou o protocolo e, num ato delicado e repleto de simbolismo beijou a bandeira brasileira que tremulava incrédula. Naquele momento fiquei embasbacado, me lembrei dos jogadores de futebol que beijam a camisa do novo clube (a cada vez que mudam de lado), como se aquele fosse o seu time de coração.

Continuando... Presidente ou Presidenta?

E se ela fosse casada como seria o tratamento que deveríamos dar ao seu marido? Será que ficaria bem Primeiro Damo?!! Ah, ainda bem que ela não é mais casada, assim fico mais tranquilo. Só mais uma palavrinha: quando desceu a rampa do Palácio do Planalto, com direito a tapete vermelho e holofotes de todos os cantos do mundo, o ex-presidente, sua mulher e a nova Presidenta da República, diga-se de passagem; de mãos dadas, ficou estranho para mim, me lembrei do filme Dona Flor e Seus Dois Maridos... credo, embaralhei tudo! É melhor eu ir andando, vou estudar o Código de Hamurábi, certamente encontrarei explicações convincentes para as minhas indagações brejeiras.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 19/01/2011
Reeditado em 03/10/2017
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