ESPELHO QUEBRADO
Lêda Torre
Quando Creuza, minha mãe, ainda era criança, ela conta hoje, com seus 72 anos, dentre os fatos que ela se lembra bem, aconteceu com sua irmã mais velha, a Maria. Maria, já mocinha, e Creuza ainda bem menina, a caçula, estavam se arrumando para ir pra escola, quando o espelho único da casa, que andava de mão em mão, aquele espelho de forma triangular, por sinal, colocado desajeitadamente na janela, caiu e espatifou-se todo no chão. E, agora?
Como foi Maria, a mais arisca dos cinco irmãos, foi quem quebrou o dito espelho, escondeu os pedaços do objeto quebrado, bem debaixo da cama da vovó Delfina, sua mãe. E sem saber, de antemão, o que fazer com aquela situação, a menina Maria, não pensou duas vezes, tinha que tomar alguma atitude, ou seja, carregaria água da fonte e encheria todas as vasilhas da casa, antes que alguém desconfiasse de algo, assim pensou...
E começou a carregar água de lá pra cá, e era aquele movimento impaciente...com a cabaça na cabeça, bem ligeirinho, encheu todas, até as que não era pra encher. Só que os movimentos dela pela casa, de forma inquieta, chamou a atenção dos demais, coisa que ela nem pensou; foi quando a outra irmã Giminiana, e o irmão Antônio deram conta do ocorrido, mas para não fazer alarde, ficaram na deles...
Depois da tarefa concluída, segundo seu pensar, Maria sumiu de casa, por algumas horas, ali pela vizinhança, até que as coisas por ali acalmasse...ora, mas quem disse que as coisas estavam agitadas, ali naquele casarão? Só na cabeça da trelosa Maria...
Só que Maria, não sabia, ou se fazia que não sabia, era que a sua mãe Delfina, não deixava nada desapercebido, e se deu conta do sumiço da menina, e foi logo indagando por ela...e a menina Giminiana e o garoto Antônio, meio desconfiados, já sabendo do ocorrido, nada responderam..ou melhor, disseram o famoso”não sei”, e vovó, não escutou conversa, foi logo surrando os dois que estavam na sua frente, que o Antônio até desmaiou só de raiva.
Mais tarde, quando ninguém mais falava naquilo, e nem esperava a menina danisca, ressurge Maria, como das cinzas...com a cara mais lisa desse mundo...toda desconfiada....porém, dona Delfina, muito ativa, mas precavida, deixou a guria, toda à vontade; e sem que ela menos esperasse, tascou-lhe a parte da surra dela, merecida por sinal e justa, para consolo dos irmãos que apanharam injustamente.
Somente a caçula Creuza, apenas espectadora daquele ocorrido, não levara surra, pois na sua inocência, ficara ali caladinha, só observando, as coisas.
____São Luis, 18/01/2011_______
Lêda Torre
Quando Creuza, minha mãe, ainda era criança, ela conta hoje, com seus 72 anos, dentre os fatos que ela se lembra bem, aconteceu com sua irmã mais velha, a Maria. Maria, já mocinha, e Creuza ainda bem menina, a caçula, estavam se arrumando para ir pra escola, quando o espelho único da casa, que andava de mão em mão, aquele espelho de forma triangular, por sinal, colocado desajeitadamente na janela, caiu e espatifou-se todo no chão. E, agora?
Como foi Maria, a mais arisca dos cinco irmãos, foi quem quebrou o dito espelho, escondeu os pedaços do objeto quebrado, bem debaixo da cama da vovó Delfina, sua mãe. E sem saber, de antemão, o que fazer com aquela situação, a menina Maria, não pensou duas vezes, tinha que tomar alguma atitude, ou seja, carregaria água da fonte e encheria todas as vasilhas da casa, antes que alguém desconfiasse de algo, assim pensou...
E começou a carregar água de lá pra cá, e era aquele movimento impaciente...com a cabaça na cabeça, bem ligeirinho, encheu todas, até as que não era pra encher. Só que os movimentos dela pela casa, de forma inquieta, chamou a atenção dos demais, coisa que ela nem pensou; foi quando a outra irmã Giminiana, e o irmão Antônio deram conta do ocorrido, mas para não fazer alarde, ficaram na deles...
Depois da tarefa concluída, segundo seu pensar, Maria sumiu de casa, por algumas horas, ali pela vizinhança, até que as coisas por ali acalmasse...ora, mas quem disse que as coisas estavam agitadas, ali naquele casarão? Só na cabeça da trelosa Maria...
Só que Maria, não sabia, ou se fazia que não sabia, era que a sua mãe Delfina, não deixava nada desapercebido, e se deu conta do sumiço da menina, e foi logo indagando por ela...e a menina Giminiana e o garoto Antônio, meio desconfiados, já sabendo do ocorrido, nada responderam..ou melhor, disseram o famoso”não sei”, e vovó, não escutou conversa, foi logo surrando os dois que estavam na sua frente, que o Antônio até desmaiou só de raiva.
Mais tarde, quando ninguém mais falava naquilo, e nem esperava a menina danisca, ressurge Maria, como das cinzas...com a cara mais lisa desse mundo...toda desconfiada....porém, dona Delfina, muito ativa, mas precavida, deixou a guria, toda à vontade; e sem que ela menos esperasse, tascou-lhe a parte da surra dela, merecida por sinal e justa, para consolo dos irmãos que apanharam injustamente.
Somente a caçula Creuza, apenas espectadora daquele ocorrido, não levara surra, pois na sua inocência, ficara ali caladinha, só observando, as coisas.
____São Luis, 18/01/2011_______