Ela entrou...
Ela entrou, na Estação Republica, no vagão onde eu estava... Não havia mais lugar por ali que pudesse se sentar... Eu fiz movimento para me levantar e ela pôs a mão no meu peito dizendo: “Não; não precisa... Nós precisamos muito de vocês, jovens.”
Aquelas palavras daquela senhora foram alento ao coração frustrado de um moço que retornava a sua terra natal... E mostrava-me que eu sou “importante”.
A bondosa senhora levava segura a uma das mãos um pequeno livro e uma caneta esferográfica... Mostrava na face um sorriso sincero, espontâneo...
Na próxima estação ficou vaga uma poltrona ajunto a de outra senhora, ela aproximou-se, mas permaneceu de pé...
Bem, ao chego da minha estação me levantei apressado... A senhora tocou nas minhas costas e acariciou-me desejando que eu tivesse uma boa viajem...
Aqueles poucos minutos no metrô foram para mim os mais importantes que eu passara naquela “Paulicéia desvairada” do Mário de Andrade. O carinho daquela mão macia de uma mulher de mais que setenta anos de idade era a conotação mais pura do amor de Jesus.