O Poder do silêncio
O PODER DO SILÊNCIO
Várias vezes, me dei conta de como o silêncio é importante argumento, mas às vezes sou traída pela mente que de maneira fulminante elabora comentários e os expõe à velocidade da luz.
Reporto-me, neste instante, à última bizarrice a qual vivi no viés do silêncio quebrado.
Abri, solenemente, minha boca para expressar minha indignação contra o péssimo hábito de falar muito, falar o que não é necessário e expor julgamentos negativos sobre os outros. Minha infelicidade foi tamanha que até citei o nome da pessoa crucificada pela minha língua hipócrita.
Ora, o meu discurso foi, no mínimo, idiota, visto que usei o mesmo recurso desprezível do outro falante inconsequente. Que tolice!
Esse instante me serviu para buscar nas entranhas o poder maior, mais eloquente. O poder do silêncio. Este, se utilizado de maneira perspicaz, consiste num argumento carregado de autoridade e força.
Saber a hora de lançar mão da oportunidade de não articular nenhum fonema é fantástico, estrondoso, pertinente, todavia cabe aos sábios. Aos tolos (como no meu caso acima citado) resta a certeza - adquirida pelo interlocutor - de que não se é provido de recurso persuasivo adequado, mas de vazio e insegurança.
Não retrato aqui o silêncio covarde, omisso, mas sim o desejo de pouco falar e muito dizer, pois até para ser militante é preciso ser astuto na arte do silêncio. O silêncio é para poucos. A maioria dos indivíduos contemporâneos quer ganhar no grito a chance de expor sua pequenez e sua pouca perspicácia.
O silêncio, quando bem aproveitado, é a retórica perfeita do homem cheio de máculas. Aquele que se expõe demais, abre créditos demais, torna-se nu. Silêncio ganha discursos, faz declaração de amor, pode encerrar guerras, acalentar corações, crescer em alma.
Silêncio: o eco da sabedoria.