VOLUNTÁRIOS !

    O país está de luto em face da tragédia que acaba de acontecer na região serrana do Rio de Janeiro . Certamente não preciso me alongar em maiores detalhes sobre o ocorrido , visto que não só no Brasil mas pelos quatro cantos do planeta as pessoas tomaram conhecimento da enchente, dos deslizamentos e das mortes através de imagens terríveis .

    O que todos nós temos que fazer é nos unir, independente de qual seja nossa crença religiosa e pedir a Deus, nosso Pai, que tome conta dos que ficaram e dê força e coragem a todas as famílias que perderam seus entes queridos.

    Entretanto, no meio de tanta dor e sofrimento, do caos instalado e amplamente mostrado pelas emissoras de TV , do espantoso número de mortos , da falta de alimentos, água, eletricidade e recursos básicos para uma sobrevivência digna, não posso deixar de citar o quanto fiquei impressionado com o papel desempenhado pela enorme quantidade de voluntários.

    Homens , mulheres e crianças, jovens ou idosos, ricos ou pobres , com muita humildade e dedicação se juntaram , abraçaram a causa e partiram para ajudar os necessitados, os doentes, os feridos e os sobreviventes.

     Dentre toda essa maravilhosa legião de pessoas anônimas e bem intencionadas, verdadeiros anjos sem asas e aureolas, me chamou a atenção, me emocionou a ponto de derramar um rio de lágrimas a atitude de um grupo de costureiras que se prontificaram a ajudar autoridades e profissionais qualificados na tarefa de limpar , lavar e vestir cadáveres, alguns já em adiantado estado de putrefação e outros bastante dilacerados .

    Não é difícil imaginar uma cidade relativamente pequena habituada a conviver numa relativa paz , com um departamento especializado e preparado para receber oito a dez corpos e conservá-los em geladeiras específicas , aguardando a hora de serem entregues a familia para enterros dignos e de repente recebe  duzentos ou mais mortos.

    Fico aqui pensando se teria forças para desempenhar um papel desses. Não que a morte me assuste, pois afinal já velei mortos na minha família , mas é digno de nota o fato de pessoas simples, saudáveis humildes e que subitamente  movidas ,  com certeza por fluidos e influência divina , vão a um  local de absoluta dor e sofrimento e se entregam a uma missão de caridade dessa grandeza, contribuindo para que corpos fossem entregues às famílias para um sepultamento com um pouco de dignidade.

    Para falar com franqueza não sei se seria um bom voluntário. Não sei se teria forças para fazer o mesmo que essas maravilhosas mulheres, esses anjos de saias fizeram e com toda certeza continuam fazendo pelos que estão sofrendo, seja lá em que tarefa for necessária para ajudar o próximo.

   É nessas horas que ainda conseguimos acreditar que o mundo tem jeito, que lá no nosso íntimo reconhecemos que o próximo, aquele mesmo de que muitas vezes nos tornamos inimigos passageiros , na verdade é nosso irmão.

    Dentro das minhas possibilidades fiz o que pude para ajudar os que estavam sofrendo. Entendo perfeitamente que nada acontece por acaso, que nada acontece que não seja pela vontade de Deus mas, não pude deixar de me emocionar com as cenas que pude ver, com os olhos pregados na televisão.

     Não vi os rostos das costureiras, nem sei os seus nomes. Sei apenas da historia, do fantástico trabalho de caridade que fizeram e com certeza, isso não passou despercebido no Plano Espiritual.

    É um momento de dor e não de apontar o dedo culpando esse ou aquele. É um momento de reflexão e não de discursos mirabolantes com promessas que infelizmente sabemos que não serão cumpridas.

    É o momento de juntarmos nossas mãos e pedir a Deus misericórdia , força e compreensão para que nós todos, sem nenhuma exceção, possamos entender que nada acontece que não seja pela vontade do Pai e que quem está ao nosso lado, quem nós não gostamos ou consideramos uma pessoa absolutamente insuportável, é na verdade mais um dos nossos irmãos .....

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