Uma Segunda-Feira (In) Comum

1.

As coisas parecem estar indo bem: meu dente continua doendo em contato com temperaturas extremas; minha conta bancária passa pela temporada mais longa (15 dias) de saldo positivo desde que foi aberta (4 anos atrás); perdi três oportunidades de emprego excelentes (uma por ter rodado na dinâmica final, outra por não ter inglês intermediário para conversação e a terceira e última e melhor por ter esquecido de colocar no meu curriculo no Vagas.com que minha faculdade está trancada tem uns bons 10 meses); agora tenho a minha primeira unha encravada da vida, bem no dedão do pé (direito, pois o esquerdo tem que ficar bom pra sempre ser o primeiro a pisar no chão assim que saio da cama) e adotei dois gatos lindos e pretos - o Buk e o Poe, prazer - que vão acabar zerando a minha conta... O que mais? Continuo querendo conhecer o Nordeste e minhas duas lindas leitoras que lá residem (claro que fazer isso acarreta no retorno perpétuo pro cheque especial) e, puta que o pariu que eu estou doido pra fazer outra tattoo (mas não vou falar o que é senão vocês vão querer roubar a MINHA idéia genial) e as mulheres resolveram aparecer todas de uma só vez, o que tem me deixado num estado meio misantrópico (ou meio pederasta, mesmo)...

2.

Ontem, domingo, convenci o João a puxar ferro comigo. Ele precisa se preparar fisicamente para umas paradas e eu tenho me sentido um pouco solitário nos treinos. Mentira, é que eu cansei de ficar oscilando entre os 20/30kg no supino nos últimos 3 anos enquanto qualquer magriça que começa a treinar hoje vai pegar esse mesmo peso daqui 2 meses, no máximo. Enfim, treinar com os amigos é sempre bom e a coisa rende.

Fiquei de ligar pra ele às 08:45. Só que aconteceu da porra do meu celular cair duas vezes seguidas da minha mão de uma boa altura e deu pra ficar desligando e ligando sozinho, logo, não dava pra confiar no despertador. Então mandei uma mensagem (depois do celular desligar 3 vezes seguidas enquanto eu redigia a porra toda) falando pra ele ligar em casa.

Acordei no horário e tinha uma mensagem dele falando que não conseguiu dormir e que aham-cláudia-senta-lá que na minha terra, terra onde sou REI, foi traduzida como "tô com preguiça e não vou não, carai". Normal, estamos habituados com esse tipo de coisa, já...

3.

Coloquei pra despertar às 10:00 e dormi e tive ótimos sonhos com uma Pernambucana maravilhosa. O celular despertou e fiquei no soneca (5 em 5 minutos) até que meu irmão mandou eu me foder e parar de frescura. Já era(m) (?) 10:40hs.

Levantei e abri a janela da porta (?). Garoava e o cheiro de urina de gato estava fodido de tão forte. Decidi limpar o cantinho deles depois do treino, pois outro dia tive a brilhante idéia de fazer a limpeza no meio do café da manhã e tive dúzias de ânsias de vômito e passei o resto do dia enjoado.

Fui até a cozinha pra caçar o que comer. Nenhum sinal do pacote de torradas que comprei no domingo à noite. Tinha banana. Três bananas: uma mais ou menos, uma meio podre e a outra totalmente intragável. Pensei em ir na padaria porca que tem perto de casa e um segundo depois desisti, lembrando de que toda vez que piso lá passo por algum tipo de infortúnio. Descasquei a banana e liguei o computador do meu irmão "só pra ver meu e-mail". Chovia e fazia frio. A banana estava bacana. Acabei com ela e fui na segunda. Os gatos não paravam de me perseguir com seus miadinhos chatinhos de filhote e fui ver se tinha comida no pote deles. Tinha uma merreca. Coloquei mais um pouco, mexi com o dedo pra enganar os bichos e eles voaram pra cima do troço com muito afinco. Não tive a mesma sorte com a segunda banana, mas fui com afinco, dando uma mordida acabando com um terço, jogando o segundo terço no lixo e comendo o terceiro terço tapando o nariz com os dedos.

Fui direto pro Twitter e mandei algumas DM's. Voltei pra cozinha e fiz um capuccino marotíssimo e fiquei lá no computador do meu irmão, vendo tudo o que não consigo ver no meu e quando dei por mim já era(m) (?) 11:45h e eu tinha o que fazer. Tinha que treinar. Treinar na segunda-feira é ótimo, já dá disposição pro resto dos dias. Mas com uma banana e meia seria complicado. Tem um lugarzinho ao lado da academia que vende açaí. Que VENDE açaí, logo, a lembrança da minha conta veio à mente. Mas tudo bem. Abri a carteira. Sete reais. O açaí mais barato é R$1,50. Mais R$1,00 do pão pra molecada tomar café. A ração dos gatos é R$4,50. Ia dar certinho, se não fosse o detalhe de que meu Bilhete Único estava descarregado e a porra do banco fica longe pra caralho.

4.

Tomei meu açaí olhando o pouco movimento. Já tem uns três meses que mastigo só com o lado esquerdo da boca. No que se refere à bebida gelada, tenho que dar um jeito de fazer com que ela alcance minha garganta só pelo lado esquerdo. Com açaí é um Deus nos acuda. E eu pagava pra isso...

Treinei e foi normal. Desta vez, não teve nenhuma coroa gostosona e nenhum babaca falando de injetar enzima (ou merda que o valha) na barriga de bosta.

Saí da academia e entrei num "negocinho" que tem no meio do caminho e que tem pão quente toda hora. Uma beleza só. Só que toda vez que vou lá eu também passo raiva com a galera fofoqueira que fica fazendo hora na fila e parece que compra a guarnição suficiente pra alimentar um batalhão do exército enquanto eu quero comprar só meus míseros um Real de pão e dar o fora sem ficar sabendo da vida de uma Dona Maria que tá pouco se fodendo com a minha vida. Entrei lá e tinha uma velha que não parava de falar. Ela não comprava nada, não esperava o cara pesar nada e continuava falando. Ele estava com uma expressão de tédio genuína e, no entanto, não fazia menção de atender o senhor que estava na minha frente na fila e se livrar do blábláblá da múmia que insistia em recalcitrar sei-lá-o-quê. Então, ele resolveu atender. O velho pediu broa, pão francês, queijo, leite, manteiga. O cara por trás do balcão ia pegando as coisas e ignorando a velha, no que ela virou pra mim e começou a falar. Eu ouvia Hot Water Music no volume 24 do MP4 e não conseguia mudar a minha cara de alface pra ela. Ela não desistiu e continuou abrindo e fechando a boca (falando, suponho). Fiz a caridade e tirei o fone do lado esquerdo. Falavam de uma moça que tinha perdido um filho na rua de baixo. Como o filho não era meu, recoloquei o fone, pedi meus dois pães e saí de lá um pouco chateado. Estava atrasado pra fazer alguma coisa indefinida...

5.

Abri a porta de casa e como um cruzado inesperado na fronte, veio o cheiro de mijo dos meus nenéns pretinhos. Fui lá limpar a coisa. Peguei uma sacola, agachei lá, peguei uma pázinha e fui recolhendo as merdas e as partes endurecidas de mijo e jogando na sacola. Terminei o serviço sem maiores delongas e quando levantei, bem, a sacola rasgou. A sorte é que rasgou em cima da caixa de areia e eu só tive que refazer o serviço. Desta vez, o Buk sentou ao meu lado e ficou olhando enquanto eu limpava sua nobre latrina. Quando estava dando um nó na sacola, olho pra trás e vejo o Poe mijando num pano de chão que caiu do tanque. Ele olhou pra mim com indiferença e deu aquela ciscada e o pano dobrou e a parte amarelada foi escondida. Um serviço de mestre. Levantei, peguei o saco de areia e despejei um pouco e misturei tudo, que nem fiz com a ração. Tempos difíceis, sabe como é, tem que economizar. Mal guardei o saco de areia e lá estava o Buk se refestelando, dando uma bela e fedorenta cagada. Gatos são tão espertos. Fiquei grato por ele ter esperado e não ter usado o tapete pra saciar suas necessidades fisiológicas.

Fiz o almoço. Definição de "fazer o almoço": esquentar o arroz no microondas, esquentar o feijão e fritar alguma coisa. Comi um pouco empapuçado. Comer imediatamente após o treino é horrível. Ainda mais sem fome. Mas comi. A fome quando vem, vem pra foder com a vida do cabra. E comer fora fode com o bolso do cabra. Saí de casa com a impressão de estar esquecendo alguma coisa. "Assim que entrar no ônibus eu lembro", pensei.

6.

Carregar o Bilhete Único costuma ser outro sacrilégio. Carrego a porcaria na papelaria de um japonês que fica a uns cem metros do ponto de ônibus. Sempre que estou a 10 metros da papelaria, desce uma manada de gente da outra rua e faz fila. Só pra carregar Bilhete. Dei sorte de ter só um cara já meio encaminhado e um outro na minha frente. O primeiro foi embora e o que estava na minha frente, bem, ele tinha levado o Bilhete Único de cada um de sua porra de família. E o japonês é lerdo, lerdo, lerdo, lerdo... Saí de lá. Tinha usado o dinheiro da ração dos gatos pra carregar a parada. Tinha que mandar sms pra minha mãe comunicando o fato e mendigando a paciência e o dinheiro dela pra comprar a comida pros bichos.

Saindo da papelaria, pude ver o ônibus que ia pegar descendo a avenida. Por mais que o tempo passe, por mais que os horários sejam diferentes, por mais que mil coisas aconteçam: isso não muda. Estou condicionado a sempre ver o ônibus que preciso passando quando estou impossibilitado de pegá-lo. Sorte madrasta.

Fiquei vinte minutos no ponto fritando sob o sol escaldante e com medo de aparecer algum conhecido pra puxar assunto. Não passava nada. Nada de ônibus. Até que veio um. Entrei. Ele fazia o caminho mais difícil de todos, com mais pontos e semáforos. Mas entrei. E entrar nele seria aceitar pagar Metrô. E como eu disse: pagar, que acarreta gasto. Encostei a joça no validador e vi o saldo. Sentei num banco qualquer e olhei o comprovante de recarga. Bem, o dinheiro dos gatos foi usado de forma inútil, pois eu tinha saldo na porcaria. Tudo bem. Não, nada bem. Demorei 1 hora pra chegar no Metrô. Um trajeto de 30 minutos. Demorou o dobro. Paguei o Metrô.

Lá dentro, comecei a me deprimir com alguma coisa. Uma depressão autêntica. Comecei a cutucar o que estava me fazendo mal, só pra piorar. A coisa foi tomando proporções gigantescas. Saquei a caneta e o caderno de anotações e me deparei com uma belezinha de short jeans surrado e batom vermelho que me fez esquecer o que estava me entristecendo. Acontece.

7.

Desci na Sé e chovia. Dia de merda. Vida de merda. Desisti de ir no Sebo do Messias adquirir uma recomendações que me foram feitas e num impulso entrei na fila do ônibus que vai pro Parque do Ibirapuera. Não vai pra lá, mas passa lá. O otário que estava na minha frente caía de bêbado e claro, teve que me irritar ao ponto de empurrá-lo pro lado pra entrar naquela carroça de metal. Ele xingou alguma coisa e entrou atrás. Passei a catraca e fiquei esperando alguma coisa acontecer, mas o infeliz passou batido e foi perturbar uma morena que estava num dos últimos bancos. Fiquei em pé, olhando a cena. Ela trocou de lugar e sentou perto de mim. Trocamos alguns olhares. Ela poderia ser a mulher da minha vida, não fosse o fato de ter mais bigode do que eu.

Desci no Ibira e garoava. Vida filha da puta.

O Parque, vazio. Entrei lá. Uma gata preta, prenha, que sempre fica naquela parte cruzou meu caminho. Fiz aquele barulho que atrai os gatos e ela parou. Olhou pra mim. Eu agachei e continuei fazendo o barulho e falando alguma idiotice com voz de retardado mental e ela saiu andando. E depois falam que gato preto é sinônimo de azar. Se assim o fosse, ela teria pulado no meu colo. Se for pra gato preto representar alguma coisa, que seja sorte. Por isso adotei dois...

Andei um pouco. Andei naquele bosque que beira o lago onde tem a fonte das águas dançantes. Parei diante de uma árvore sem folhas que tinha umas paradas penduradas. O nome da árvore é Flor-de-Abril. Peguei uma daquelas coisas na mão e elas eram bem pesadas. Não dei mole pagando de entendido e caí fora dali, antes que as Leis de Newton e Murphy me rendessem um galo. Continuei caminhando, chutando gravetos e alguns pedaços de cabos de pisca-pisca que sobraram do Natal e foram esquecidos ali. O lugar fica bonito e apinhado em época Natalina. Caixas de som ficam espalhadas pelas árvores, para que todos ouçam o que o bom Papai Noel (na versão holograma) tem a dizer. O som tem um alcance considerável...

Sentei o rabo naquele deck que fica em frente às fontes. O céu abriu como num final de filme, daquele tipo de filme que dá merda em toda a extensão da película e acaba com um novo casal se abraçando e o céu abrindo e uma paisagem de desolação total em volta. Não tinha nenhuma mulher ao redor. O parque estava realmente vazio, excetuando a minha pessoa e uns três trabalhadores que estavam junto comigo fazendo uns testes com a fonte. Meu rosto começou a ser acariciado por uma brisa morna. A água, verde, brilhava, refletindo a luz do sol. Mansos torvelinhos formaram-se com a mesma brisa que acariciava meu rosto. O lugar estava relativamente silencioso. Joguei a mochila pra trás e deitei. O sol castigou um pouco minha retina, mas tudo bem. O céu estava azul, muito azul. O tipo de céu azul que vejo nas fotos de revistas americanas de skate; aquele céu Californiano de tirar o fôlego. Três urubus voavam ao longe, bem lá em cima. Nuvens brancas viajavam. Tocava uma música agradável no meu ouvido e eu abaixei o volume pra apreciar melhor. Comecei a ficar emocionado com alguma coisa. Com tudo. Com todo aquele espetáculo da natureza. Com aquele pedacinho de Paraíso no Inferno. Fechei os olhos, quase contendo uma lágrima. Por quanto tempo quis um momento como esse?

Mas é a minha vida.

Mal acabei de formular a pergunta do parágrafo acima, aquela cambada de filha da puta ligou o som num volume ensurdecedor DO NADA e eu dei um pulo. A música, alguma cantiga de corno manso de sertanejo. O volume encobriu o que eu estava ouvindo. No céu, duas nuvens voavam lentamente, quase imperceptíveis de tão esparsas. Voavam raso, bem abaixo dos urubus. "Devem ser dois Deuses rindo da minha cara in-loco... filhos da puta", pensei. Com essa, tirei o rabo dali e fiquei passeando até escurecer.

8.

O que foi um problema, pois estava com o meu tênis novo. Tênis que passei muita, mas MUITA raiva pra comprar por conta de uma sucessão de vendedores ou insistentes e inconvenientes ou demasiadamente BURROS e que usei somente uma vez, graças à unha encravada que foi citada bem lá em cima. Meu pé começou a doer. Porra de pé direito que é maior que o esquerdo. De repente, o local começou a ficar apinhado de corredores - pessoas que correm. Homens com corpos que eu quero ter, homens com corpos que deusolivre e mulheres, bem, mulheres. Muitas. Todas com cara de serem cheias da grana. Todas muito gostosas embaladas à vácuo em shortinhos suplex e topzinhos apertadíssimos. Correndo, com suas ancas tremelicando. Achei que ia ter um treco o que ia acabar quebrando o pescoço.

Aí o céu foi ficando com aquela aparência bonita de fim de tarde. Resolvi ir embora. Mas, dado momento, passando perto do MAM, olhei pro céu e puta merda, a lua estava deslumbrante. Linda, lindíssima, inspiradora. Cacei um banco ali perto e deitei. Fiquei olhando a lua cheia e o Obelisco um pouco mais à esquerda. Entre os dois, uma árvore que parecia ter a dimensão de um quarteirão de largura. Fiquei por meia hora ali, largado, respirando, pensando na vida e tentando olhar a coisa toda, só que os pernilongos me descobriram e ficavam toda hora tentando me carregar e tentando tirar sangue do meu olho. Levantei e fui coxeando até o portão por onde entrei. Ia sair pelo outro, mas vi duas gostosas indo pra lá e fui atrás. Maníaco do Parque.

A gatinha preta estava no seu lugar de sempre e dessa vez eu nem precisei de esforço: agachei, falei alguma babaquice e ela veio ter comigo. Roçava nas minhas pernas de forma desesperada. Sentei no chão e fiquei lá durante um bom tempo acariciando a danada. Linda, pêlos fartos e lisos. Cabeçuda e carinhosa. Um deslize que dei colocando a mão do lado dela e ganhei uma mordida. "Bem, talvez eu deva passar a ser supersticioso depois dessa", levantei e me arrastei até o ponto de ônibus.

9.

Manquetolando (?) até lá, perdi uns três. Dei sinal pra um mas o motorista não me deixou entrar. Eu estava sem camiseta e nem tinha me dado conta. Beleza. Fui andando até o ponto e o farol abriu e vi ao longe outro ônibus vindo. Num movimento ninja, coloquei a camiseta e saí correndo. Mas algo aconteceu: afundei o pé numa parte de lama molíssima. O cabedal do meu tênis é preto e a entresola é branca. A entresola foi coberta de lama e sujou mais uns dois dedos do cabedal e mais um pouco da barra da calça. Do pé esquerdo. Fiquei meio que procurando alguma coisa pra limpar o tênis e o motorista me esperando. Ele xingou alguma coisa e foi indo devagar fechando as portas. De lá de dentro uma garota linda me observava. Olhava mesmo. Decididamente olhava, como se estivesse me reconhecendo de algum lugar. O motorista pisou fundo e subiu a Brigadeiro e lá se foi aquela beldade. Fiquei raspando o tênis na guia até ele ficar mais ou menos limpo. Peguei outro ônibus, pra descer na Paulista e ir comer alguma coisa.

Desci no ponto errado. ANOS fazendo esse trajeto e consigo errar o ponto no dia que estou com o pé fodido.

Minha vida.

Peguei outro ônibus e desci na frente do banco. Saquei e fui comer.

10.

"Nem parece segunda-feira", pensei. A Avenida Paulista sempre apinhada. Sempre cheia das belezinhas. Na Augusta, a galera sentava nas mesinhas na calçada e bebia e fumava. "Queria eu, ter uma vida boa dessas!", pensei um pouco feliz por estar desempregado. A felicidade foi embora porque estar desempregado significa estar duro. E estar duro significa passar mais raiva. Significa não saciar meus desejos supérfluos, tais como sentar na Augusta numa segunda-feira e tomar meio litro de mate gelado com menta e comer torta de palmito vegan e bolo vegan de cenoura com chocolate. Comi essas paradas e fui pro ponto de ônibus. E lá fiquei por meia hora.

Quando ele veio, fiquei mais meia hora dentro, até chegar no Terminal Parque Dom Pedro. Fiquei quinze minutos em pé esperando o derradeiro ônibus do dia. O tênis me fodendo a vida. Ele chegou. Sentei num lugar bacana. A mulher que sentou ao meu lado abriu um salgadinho de queijo. Trânsito. Calor. A hora precisava passar rápido.

Tirei o caderno de anotações da mochila e comecei a rabiscar isso aqui. E não é que o tempo passou rápido?

Cheguei em casa e tirei o tênis, a camiseta, a calça e a touca. Como de costume, fiquei observando o estrago da unha: sangue seco incrustado dos lados e pus saindo se aperto o dedo. Como de costume peguei o cortador de unha e fiquei tentando achar uma solução pra coisa sem precisar pagar o olho da cara para uma podóloga sadomasoquista. Dois pares de lindos olhos observavam a unha junto comigo.

Tomei banho, comi algumas torradas (que estavam escondidas no fundo da gaveta de sacolas; sacolas que peguei pela manhã pra limpar a cagada dos gatos) e achei que o dia foi bom, apesar dos pesares.

Só pra variar um pouco, né?

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 18/01/2011
Reeditado em 18/01/2011
Código do texto: T2736064
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