Liberdade

Um homem mora sozinho num lugar onde passa maior parte de seu dia. Manhã cedinho, por volta das cinco da matina já está de pé. Antes mesmo de ir a praça conversar com as plantas, que as considera companheiras. Ele vê os primeiros raios de sol a beijar a terra. Após, vestir a bermuda, a camiseta, forçadamente decidido a encetar, como de costume, todos os dias, a sua caminhada matinal, pega as chaves do carro e dirige até a praça, onde lá, já se encontram alguns adeptos dessa prática a caminhar entre os caminhos tortuosos. E assim foi adentrando entre os demais, automaticamente, condicionado feito o cão de Pavlov. Respirou fundo e começou a andar com passos lentos e foi seguindo os passantes que também contemplava o verde canavial das árvores. Aos poucos foi aumentando os passos e passou a correr. Mas de repente, parou, pois a margem do caminho, no chão, um pobre passarinho com a asa quebrada. Não pensou muito para recolher o bichinho entre as mãos e o levou para casa. Nesse dia não foi trabalhar, logo foi tratar do passarinho. Passada a surpresa, pegou resto de pão com leite e fez um mingau. Daí por diante acomodou o bichinho no cantinho da sala da casa. Assim, ficou durante dias felizes a ter com quem conversar. Já passado um mês, o bichinho já ensaiava um vôo. Mas num belo dia, acordou por um gorjear de pássaro adulto. Foi até a janela, e como tinha deixado a janela semi-aberra, viu num relance o passarinho alçar voo e sumir entre a selva de pedra. O homem ficou triste por ficar sozinho, mas sentiu a enormidade do instante de pura liberdade.

Gilson Pontes
Enviado por Gilson Pontes em 16/01/2011
Código do texto: T2732923
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