A fuga de si mesmo
O filme Zelig, do Diretor Wooy Alen, de 1983 conta a história de um homem que era muito infeliz por que achava que ninguém gostava dele. A vontade de se tornar igual às pessoas fazia com que perdesse totalmente a sua verdadeira identidade, inclusive as suas características físicas, pois se transformava na cópia do outro.
Lembro-me que há pouco mais de um ano, um rapaz de 22 anos, bonito e corpo esbelto, tinha um sonho de ser muito famoso. Não sei ao certo se ele lutou pra isso, mas dizia que já tinha feito curso de teatro, de canto e que era professor de forró. Acreditava que faria sucesso pelo menos com alguns destes “talentos”.
De fato Renato sonhava muito alto, afinal que mal á nisso? Como diz o ditado popular, “sonhar não custa nada”. Porém surge uma dúvida, realmente sonhar não custa nada? Será que a pessoa ao perder sua identidade ela não está pagando um preço? No entanto, este é Renato que vivia floreando e seus sonhos voavam tão alto como uma águia em seus próprios desejos e vontades. Não controlava mais, ou seja, não agüentava mais guardar tudo isso para si. Assim começou a divulgar para todos que conhecia e até mesmo no local de trabalho, no qual eu o conheci, que tinha sido chamado a fazer parte do elenco da Rede Globo e iria trabalhar como um dos filhos de um político no seriado JK.
Era sempre deste jeito, ele achava que estava continuamente inserido em algo que lhe rendia muito dinheiro. Há duas semanas ele veio me contar sobre sua nova vida, tinha desistido da sua carreira porque descobriu que sendo promoter ele ganharia mais dinheiro. Fiquei completamente assustada ao ponto que ele chegou. Disse que estava com 10 mil reais no bolso da calça por causa de um evento que promoveu. Eu não sabia se chorava porque ele poderia estar doente ou se sorria pelo grande absurdo que era a mentira.